José Luís Peixoto feliz porque prémio Oceanos foi para romance em que fala da terra natal

O escritor português recebeu terça-feira à noite em São Paulo um dos mais importantes prémios literários brasileiros, o antigo Portugal Telecom.

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José Luis Peixoto com o curador Manuel Costa Pinto Sergio Castro
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José Luis Peixoto com o curador Manuel Costa Pinto Sergio Castro
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José Luis Peixoto com o Prémio Oceanos Sergio Castro
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O escritor no momento em que fazia o discurso Sergio Castro
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Peixoto e o prémio que recebeu por Galveias Sergio Castro

O escritor José Luís Peixoto, vencedor do Oceanos - Prémio de Literatura em Língua Portuguesa, anunciado terça-feira à noite em São Paulo, Brasil, disse estar especialmente feliz por ter recebido o prémio pelo romance Galveias.

“Foi uma enorme realização ter um reconhecimento no Brasil por um livro com o qual tenho uma relação sentimental grande, um romance no qual falo do lugar onde nasci e tento explicar este mundo”, disse esta quarta-feira o escritor à agência Lusa, já depois do anúncio do prémio.

Lançado no Brasil em 2015, Galveias decorre num Portugal rural, no qual as personagens representam tipos do Alto Alentejo e se vêem envolvidos em conflitos típicos de uma sociedade do interior do país.

Apesar de também narrar factos extraordinários, como a queda de um meteorito, o autor disse que a história não procura fazer uma desconstrução fantástica da realidade, mas sim problematizar experiências que existem neste momento, que quase sempre escapam à percepção das pessoas que vivem nos grandes centros urbanos de Portugal e até mesmo do Brasil.

“Portugal e o Brasil são muito diferentes do ponto de vista das dimensões, mas têm o ‘centrismo’ como um aspecto comum. Em Portugal tudo se passa em Lisboa, no Porto ou no Sul. No Brasil, nas grandes capitais. Este romance [cuja história acontece num pequeno povoado] revela que, além do mundo conhecido, existe Galveias, um lugar que é Portugal e também faz parte da sua identidade”, explicou.

Sobre a natureza do prémio Oceanos, que reconhece anualmente escritores de língua portuguesa, provenientes de Portugal, Brasil e África, o escritor comenta que tem um profundo respeito pelos autores deste lugares, já que, para si, não é possível escrever sem “levar em consideração o grande património da literatura de língua portuguesa”.

Sobre o Brasil, país que costuma visitar para promover o seu trabalho e encontrar amigos, Peixoto revelou grande admiração pela obra de autores clássicos como Guimarães Rosa, Clarice Lispector, e contemporâneos como Luiz Ruffato, Milton Hatoum e Bernardo de Carvalho.

O prémio Oceanos, que sucedeu ao antigo Portugal Telecom de literatura, é o mais recente que José Luís Peixoto junta ao seu rol. O escritor venceu o prémio José Saramago, em 2001, com o romance Nenhum Olhar, o segundo da sua carreira, que também foi incluído na lista do Financial Times dos melhores livros publicados no Reino Unido, em 2007, e recebeu o galardão Salerno Libro d’Europa, em 2013, por Livro, entre outras distinções.

O escritor estreou-se na ficção com Morreste-me, em 2000, a que se seguiram, entre outros, títulos como Uma Casa na Escuridão, Cemitério de Pianos, que foi eleito o melhor romance estrangeiro publicado em Espanha, em 2007, e Em Teu Ventre. As obras de José Luís Peixoto foram ainda finalistas de prémios internacionais como o Femina, em França, Impac Dublin, Irlanda, e o antigo Portugal Telecom, Portugal/Brasil.

Na poesia destacam-se os livros A Casa, a Escuridão, Gaveta de Papéis, que recebeu o Prémio Daniel Faria, e A Criança em Ruínas, Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores. Anathema, À Manhã e Quando o Inverno Chegar, no teatro, são outras obras do escritor. Em 2012, José Luís Peixoto publicou Dentro do Segredo, uma viagem na Coreia do Norte, primeira incursão na literatura de viagens. Os seus romances estão traduzidos em mais de vinte idiomas, de acordo com a sua editora.

 

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