Investigadores de Coimbra estudam novo metro e expansão dos casinos de Macau

Professores e mestrandos de arquitectura de Coimbra e de Macau apostam no intercâmbio.

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Uma equipa de três arquitectos e 13 mestrandos do Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra vai deslocar-se na próxima semana, de 19 a 26 de Janeiro, a Macau para participar no workshop Waterlink, destinado a debater o impacto do futuro metro ligeiro neste território agora sob administração de China.

A missão da UC, chefiada pelos arquitectos e professores Nuno Grande e Jorge Figueira, irá apresentar na Universidade de São José – a única em Macau que actualmente tem um curso de Arquitectura – o resultado de um trabalho de investigação sobre a relação entre a cidade e a água realizado na Faculdade de Ciências e Tecnologia sobre o impacto do metro na marginal da ex-província portuguesa na Ásia.

“Vamos levar três opções de inserção do metro na península; a ideia é permitir a discussão a partir dessas hipóteses de trabalho”, disse ao PÚBLICO Nuno Grande, lembrando que no litoral sul do território trabalharam já outrora dois importantes arquitectos portugueses: Manuel Vicente, autor do plano da baía da Praia Grande, e Álvaro Siza, que projectou o novo aterro do Porto Exterior.

O novo metro ligeiro de Macau é um projecto actualmente em desenvolvimento, que vai ligar a península à ilha da Taipa e ao aeroporto, estando já em construção algumas das estações, mas cuja conclusão está anunciada apenas para depois de 2020.

Os dados da investigação já realizada pela equipa da UC “constituem um contributo pró-activo para o debate, hoje em curso em Macau, sobre as transformações urbanísticas e arquitectónicas do seu tecido urbano, geradas por recentes processos de infra-estruturação na região, mas também pela política de expansão dos casinos e da indústria do jogo”, acrescenta Nuno Grande, citado no comunicado que anuncia a viagem da missão.

O crescimento exponencial da indústria do jogo e os inúmeros hotéis e infra-estruturas que o sustentam no istmo de Cotai são, de resto, o tema de um segundo projecto de investigação da equipa do Departamento de Arquitectura da UC, que visa analisar, em termos académicos e críticos, os efeitos deste novo conglomerado arquitectónico e urbanístico no conjunto do território.

“Macau não pode apenas ser vista como a cidade do jogo e do lazer, precisa de ser também pensada como cidade da cultura, da ciência e da criatividade”, acrescenta Nuno Grande, referindo-se às recentes declarações do governo chinês precisamente nesse sentido, expressando a necessidade de assegurar um futuro mais sustentado contrariando a concentração excessiva da economia do território nas actividades lúdicas e na exagerada densificação dos novos aterros urbanos”.

Integrar as novas construções – partindo do Casino Lisboa, ainda na península, até ao The Venetian, em Cotai – na história da cidade é o objectivo deste novo projecto de investigação que vai continuar a ser feito em Coimbra.

O desenvolvimento do chamado Macau-Coimbra Project – e integrado na Plataforma de Colaboração para as Indústrias Culturais e Criativas Portugal-RAEM, financiada pelo QREN –, adianta Nuno Grande, terá, ainda este ano, um segundo momento com a visita à cidade portuguesa de uma delegação de professores e estudantes de Arquitectura da Universidade de São José. “É uma equipa que virá ajudar a pensar Coimbra a partir de um olhar diferente”, nota o arquitecto e professor, que vê também neste programa, para além do intercâmbio entre as duas faculdades de Arquitectura, uma nova janela de oportunidade para o desenvolvimento e troca de talentos criativos.

 

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