Helen Mirren, rainha dos Prémios Tony

Actriz venceu o prémio que lhe faltava pelo papel que lhe conhecemos há muito tempo: a rainha de Inglaterra. Fun Home e The Curious Incident of the Dog in the Night-Time foram os espectáculos mais premiados.

Helen Mirren venceu o primeiro Tony da sua carreira
Fotogaleria
Helen Mirren venceu o primeiro Tony da sua carreira Reuters
Fotogaleria
Mirren é novamente Isabel II, papel que já lhe tinha valido um Óscar AFP
Fotogaleria
O elenco de Fun Home Reuters
Fotogaleria
Alex Sharp bateu actores como Bradley Cooper Reuters
Fotogaleria
Michael Cerveris recebeu o prémio para Melhor Actor Principal num Musical Reuters

Rainha no palco, rainha nos mais importantes prémios de teatro. Helen Mirren venceu neste domingo o Tony para Melhor Actriz pelo seu papel em The Audience, peça que reconstitui ficcionalmente as audiências que a rainha Isabel II concedeu a sucessivos primeiros-ministros ao longo dos mais de 60 anos que leva no trono britânico. O musical Fun Home, sobre a passagem à idade adulta de uma lésbica, e a peça The Curious Incident of the Dog in the Night-Time, que conta a história de um adolescente com síndrome de Asperger, foram os espectáculos mais premiadas da noite com cinco estatuetas cada um.

Fun Home foi considerado o Melhor Musical e The Curious Incident of the Dog in the Night-Time a melhor peça de teatro na cerimónia de entrega dos prémios, considerados os Óscares do teatro, que aconteceu neste domingo no Radio City Music Hall em Nova Iorque.

Família, memória, sexualidade e suicídio são os temas abordados em Fun Home. “O nosso espectáculo é sobre descobrires quem realmente és”, disse ao receber o prémio de Melhor Actor Principal num Musical Michael Cerveris, que dá vida em palco a um gay que tem dificuldades em assumir-se como tal. O actor aproveitou ainda a oportunidade do tema e o tempo do discurso para lembrar que o Supremo Tribunal dos EUA tem neste momento em mãos o casamento entre pessoas do mesmo sexo: “Espero que o Supremo Tribunal reconheça esse direito.”

Fun Home, que conta a história de Bechdel, uma lésbica que lida com a sua “saída do armário” e que descobre que também o seu pai era gay (também em segredo) valeu ainda a Sam Gold o Tony de Melhor Encenador de Musical. O espectáculo venceu também nas categorias de Melhor Libreto Musical e Melhor Banda-sonora.

The Curious Incident of the Dog in the Night-Time arrecadou, além do Tony para Melhor Peça de Teatro, o galardão de Melhor Encenador de Teatro (Marianne Elliott), Melhor Cenário e Melhor Iluminação. O protagonista da peça, Alex Sharp, venceu o prémio de Melhor Actor Principal com o papel de um prodígio da matemática de 15 anos com síndrome de Asperger que se lança numa aventura para descobrir quem matou o cão do seu vizinho. O actor bateu Bradley Cooper nomeado por The Elephant Man, espectáculo que se estreou recentemente em Londres. Estavam ainda nomeados Steven Boyer (Hand to God), Ben Miles (Wolf Hall Parts One & Two) e Bill Nighy (Skylight).

Mas foi com Helen Mirren que se ouviu a maior ovação da noite. A actriz britânica de 69 anos recebeu o Tony para Melhor Actriz de Teatro por interpretar alguém que já antes lhe valera uma série de prémios. Mirren é nos palcos da Broadway Isabel II, a rainha de Inglaterra. Já o tinha sido em 2006 no filme A Rainha, de Stephen Frears, que lhe valeu um Óscar e um Bafta. O Tony era na verdade a distinção que lhe faltava na carreira – em 2013 a actriz venceu com esta mesma peça, The Audience, o Olivier, o maior prémio de teatro do Reino Unido. Agora que o espectáculo escrito por Peter Morgan (argumentista de A Rainha) pode ser visto nos palcos da Broadway, Mirren junta mais um prémio à sua longa lista.

“Sua Majestade, fê-lo outra vez. É uma honra inacreditável. Estou tão emocionada”, começou por dizer a actriz, para logo de seguida brincar com os prémios que ganhou ao longo da sua carreira. Já só lhe falta um Grammy, os prémios da indústria discográfica, brincou. “Tenho de fazer um áudio-livro”, continuou.

The Audience aborda todo o reinado de Isabel II através dos célebres encontros das terças-feiras à tarde entre a rainha e o chefe do Governo, o período abordado na peça abarca 12 primeiros-ministros em seis décadas de reinado. Em Londres, o espectáculo foi um êxito, cenário que se está a repetir em Nova Iorque desde que se estreou em Março.

Mirren, que era apontada como a favorita ao prémio, dedicou o galardão ao marido, o realizador Taylor Hackford, e destacou o número de produções britânicas nesta temporada em palcos nova-iorquinos: “Faz com que o Atlântico pareça um pequeno riacho que pelo qual podemos saltar para atravessar”. A actriz deixou para trás as nomeadas Carey Mulligan, Elisabeth Moss e Ruth Wilson.

The Audience valeu ainda ao escocês Richard McCabe a estatueta de Melhor Actor Secundário numa peça de teatro.

Os musicais An American in Paris e The King and I arrecadaram quatro prémios cada na cerimónia que durou três horas e foi apresentada pela dupla Kristin Chenoweth e Alan Cumming, actores vencedores de um Tony.

Sugerir correcção
Comentar