Há mais cinco sítios na lista do Património da Humanidade

Reunião da UNESCO em Istambul, que deveria decorrer até dia 20, está entretanto suspensa devido ao golpe militar.

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Os dólmenes de Antequera, na Andaluzia JON NAZCA/REUTERS
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Túmulos medievais na Bósnia-Herzegovina
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O teatro grego de Filippi, na Grécia
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As ruínas de Ani, vistas da Arménia
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Uma gravura neandertal nas grutas de Gorham, em Gibraltar

Horas antes de ser inesperadamente interrompida pelo golpe militar desta sexta-feira à noite na Turquia, a 40.ª sessão do Comité da UNESCO, que decorre até ao próximo dia 20 em Istambul, juntou cinco novo sítios à extensa lista do Património da Humanidade. Os dólmenes de Antequera, em Espanha, as ruínas arqueológicas de Filippi, no Norte da Grécia, o sítio arqueológico de Ani, na Turquia, e o complexo de grutas de Gorham, em Gibraltar, são quatro delas. A quinta é uma candidatura conjunta de várias ex-repúblicas jugoslavas (Bósnia-Herzegovina, Croácia, Montenegro e Sérvia), operação de cooperação transfronteiriça que há alguns anos seria ficção científica: um grupo de 30 cemitérios (stecci) medievais, datados do período compreendido entre os séculos XII e XVI.

Na nota que entretanto divulgou, a UNESCO enfatiza que os túmulos agora classificados exibem "uma ampla variedade de motivos decorativos e de inscrições" que tanto dão testemunho das continuidades iconográficas dentro das fronteiras da Europa medieval como das distintivas tradições locais.

Também nos Balcãs, mas já em território grego, as ruínas da cidade muralhada de Filippi, na Trácia, viram a sua candidatura aprovada pela UNESCO. Situada na antiga estrada que ligava a Europa à Ásia, a Via Egnatia, Filippi foi fundada em 356 a.C. pelo rei macedónio Filipe II e tornou-se posteriormente uma "pequena Roma" com a anexação pelo Império Romano, em 42 a.C. Ao teatro helénico e ao templo funerário juntaram-se então estruturas tipicamente romanas. Mais tarde, e após a visita de São Paulo entre os anos 49 e 50, a cidade transformar-se-ia num activo centro cristão, de que são contemporâneas as suas basílicas agora em ruínas.

Nesta 40.ª sessão, a Turquia é outro dos países com mais um sítio classificado: Ani, uma cidade medieval muito próxima da fronteira com a Arménia. O controlo sobre parte da Rota da Seda e o seu estatuto como ponto de paragem obrigatório para as múltiplas caravanas que então faziam o trânsito entre o Oriente e o Ocidente permitiram-lhe florescer nos séculos X e XI, mas a invasão mongol e o devastador terramoto de 1319 marcaram o início do declínio. Constitui agora, diz a UNESCO, uma verdadeira montra da "evolução da arquitectura medieval" da região entre os séculos VII e XIII.

As duas outras classificações até ao momento vieram para a Península Ibérica (Portugal não apresentou desta vez nenhuma candidatura). Estão agora inscritos na lista do Património da Humanidade os dólmenes de Antequera, na Andaluzia – complexo que inclui dois monumentos naturais (a Peña de los Enamorados e a formação montanhosa de El Torcal) e três monumentos megalíticos que a UNESCO põe entre "as mais notáveis obras arquitectónicas da Pré-história europeia" – e as quatro grutas de Gorham, em Gibraltar, onde estão depositados vestígios arqueológicos e paleontológicos que demonstram uma ocupação humana contínua, provavelmente ao longo de mais de 125 mil anos. Um "excepcional testemunho das tradições culturais dos neandertais" cujo estudo, diz a organização, "já deu um contributo substancial para o debate acerca (...) da evolução humana".

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