Frodo passa discos no Musicbox (que terá também RP Boo e uma furiosa Girl Band)

Programação do espaço lisboeta para os próximos meses tem um pioneiro do footwork, agitadores rock’n’roll e canções frágeis.

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Elijah Wood virá a Lisboa em Novembro dar-nos música REUTERS/Jim Urquhart
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RP Boo, o inventor do footwork - um estilo de música mas também uma dança Camille Blake
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Kavain Space é o nome de baptismo de RP Boo Camille Blake
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RP Boo a actuar Camille Blake

Estranhou o título da notícia? Expliquemos: Elijah Wood, o actor que deu corpo a Frodo na transposição para cinema de O Senhor dos Anéis, é também DJ. O norte-americano estará no Musicbox, em Lisboa, a 11 de Novembro, como membro do duo de DJ Wooden Wisdom. Até essa sessão, que se prevê fértil em disco, funk e outras músicas dançantes, passarão pelo Musicbox gente como RP Boo, Feels e Dillon.

Muitos creditam-no como inventor do footwork (Baby Come On, de 1997, é vista como a primeira faixa do género), geringonça rítmica movida a 160 batidas por minuto que tem como peças frases sacadas a canções de soul, hip-hop ou house. Kavain Space, o nome de baptismo de RP Boo, domina a ciência de pôr as pernas a mexer (footwork é um estilo de música, mas também uma forma de dança), como se confirmará a 24 de Setembro. Com quase duas décadas de serviço à pista de dança, RP Boo lançou em 2015 Fingers, Bank Pads & Shoe Prints, álbum em que mantém fidelidade ao footwork. Na mesma noite, Landim, de Mem Martins, apresenta o seu hip-hop, facção trap, melancólico, dito e cantado em crioulo e português.

Directamente da Castle Face Records, chegam os Feels. Em Fevereiro, a Castle Face, a editora de John Dwyer dos Thee Oh Sees, lançou o álbum de estreia do quarteto de Los Angeles, produzido por Ty Segall. A música condiz com estes padrinhos: tem guitarras corroídas por fuzz, talento melódico à Segall, mas pode também filiar-se no punk e até nos momentos mais rock dos Garbage. Para experimentar ao vivo a 8 de Setembro.

O rock será também servido pelos já anunciados Boogarins, agendados para 3 de Setembro (nos dias anteriores estarão em Coimbra e Braga), trupe de Goiânia aclamadíssima pela capacidade que tem de fazer rock psicadélico com uma brisa que só podia vir do Brasil (está tudo no álbum de 2015 Manual ou Guia Livre de Dissolução dos Sonhos), e King Khan and the Shrines, deboche de rock’n’roll e soul psicadélica que no concerto de 13 de Outubro se transformará, previsivelmente, numa loucura de proporções imprevisíveis.

Depois de uma passagem pela Galeria Zé dos Bois, em Outubro do ano passado, os irlandeses Girl Band levam ao Musicbox (12 de Novembro) o seu rock ruidoso, sem medo de fazer dançar, com pontos de contacto com os Liars.

Mais sossegados são os sons de Dillon (16 de Setembro), brasileira baseada em Berlim que faz canções frágeis com instrumentação electrónica esquisita, e Memória de Peixe (4 de Novembro), o duo do guitarrista Miguel Nicolau e do baterista Marco Franco que apresenta o seu segundo disco, Himiko Cloud, com apoio CTL-Musicbox. Nicola Cruz, cuja electrónica costura sons do seu Equador e batidas suaves e sonhadoras, actua a 6 de Outubro. Cruz “faz parte de uma nova geração de artistas que têm vindo a reinventar a herança sonora antropológica da América Latina”, escreve o Musicbox.

A programação do espaço lisboeta até ao final do ano passa também pelo Jameson Urban Routes, festival que vai na 10.ª edição e que terá sete dias de música, de 24 a 30 de Outubro. Wild Beasts são o nome mais sonante – apresentam a libido mecânica e robótica de Boy King, editado este mês –, mas no cartaz há também o novo projecto de JP Simões, Bloom, e Gold Panda, cientista electrónico que ocupa várias prateleiras estéticas e faz uma festa de samples em Good Luck And Do Your Best (2016).

Sarah Neufeld, que passou pelos Arcade Fire, apresenta a 14 de Novembro as suas construções minimais, entre o classicismo e o pós-rock, para violino e o ocasional cântico sem palavras.

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