Fisicalidade e romance

Nota mental: não perder o rasto a Petite Noir

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As canções de Petite Noir são hipnóticas e agitadas por guitarras nervosas

Foi na edição de 2012 do festival Vodafone Mexefest, em Lisboa, que demos por ele. Yannick Ilunga, ou seja Petite Noir, sul-africano da Cidade do Cabo, estava em palco, na voz e na guitarra, acompanhado por três músicos — na assistência, nem uma vintena de pessoas. Foi certamente um dos melhores concertos desse ano, assente num composto eufórico de rock e afro-beat, algures entre os TV On The Radio e os Vampire Weekend. 

Nunca mais lhe perdemos o rasto. Surgiram depois vários singles, todos eles aconselháveis e é lançado agora um EP de cinco temas, onde finalmente mostra todos os trunfos. Não é música fácil de situar, algures entre a vibração do rock, o dinamismo rítmico de alguma música africana e uma voz soul capaz de transições inesperadas — do falsete ao barítono. Ele diz que a sua grande inspiração é o rapper Kanye West, mas isso nem se vislumbra muito, com canções hipnóticas do ponto de vista rítmico, agitadas pelas guitarras nervosas e por uma sensibilidade pop que permite um desenho global harmónico. 

Apesar de cada um dos temas respirar diversas influências (rock, soul, funk, electrónicas), o mosaico é sempre condensado por entre sequências rítmicas oscilantes, atribuindo a estas canções a dose certa de fisicalidade, atmosfera e romance.

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