Filme (quase) inédito de Oliveira estreia em Maio

Visita ou Memórias e Confissões terá a primeira apresentação no Teatro Rivoli, no Porto, dia 4, e no dia seguinte na Cinemateca, em Lisboa.

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Manoel de Oliveira autorizou a exibição do filme em ocasiões especiais PAULO PIMENTA

Surgiu a pensar na morte. Ou, mais concretamente, surgiu a pensar numa vida depois da morte. Visita ou Memórias e Confissões foi feito em 1982 acompanhado pela declarada intenção de reemergir apenas como filme póstumo do seu realizador: Manoel de Oliveira. Antecipou-se em muito ao seu tempo: só agora, mais de três décadas e 25 novas longas-metragens volvidas, tem estreia: a 4 de Maio, no Teatro Rivoli (18h30), no Porto; e a 5 de Maio, na Cinemateca Portuguesa (21h30), em Lisboa.

Inicialmente agendada para a Cinemateca, a primeira exibição deste filme inédito refere uma notícia da Lusa desta segunda-feira, entretanto confirmada pela autarquia  vai ter, afinal, lugar no Porto, cidade natal do realizador, na segunda-feira, 4 de Maio, numa sessão de entrada livre no grande auditório do Teatro Municipal Rivoli.

Esta sessão promovida pela Câmara Municipal do Porto, e que conta com o patrocínio da Cinemateca e da Fundação de Serralves para onde está prevista, recorde-se, a construção da Casa do Cinema Manoel de Oliveira marca o início de uma homenagem mais vasta, que a autarquia está a preparar e que dará a (re)ver uma selecção de filmes do realizador de Aniki-Bóbó e Porto da Minha Infância

Em Visita ou Memórias e Confissões, que dura pouco mais de uma hora (68 minutos), Manoel de Oliveira, que morreu no dia 2 deste mês de Abril aos 106 anos, filma a Casa da Vilarinha, que encomendou ao arquitecto José Porto e que foi a da sua família durante cerca de quatro décadas, até o realizador se ver forçado a vendê-la, na sequência de uma hipoteca.

Numa nota que tem no seu site, a Cinemateca escreve que entre os momentos associados à vida nesta casa trabalhados pelo realizador no filme está a reconstituição da sua detenção pela PIDE em 1963. A mesma nota recorda que foi depois de Visita ou Memórias e Confissões que Oliveira fez Francisca.

“Uma casa é uma relação íntima, pessoal, onde se encontram as raízes”, cita a Cinemateca. “A meu pedido, a Agustina fez um texto, muito bonito, a que chamou Visita. Eu acrescentei-lhe algumas reflexões sobre a casa e sobre a minha vida”.   

Visita ou Memórias e Confissões tem estado guardado na Cinemateca, tendo sido apresentado em raras ocasiões autorizadas pelo realizador, e apenas em exibições especiais, como foi o caso de uma projecção, em 1993, no ciclo Oliveira: O Culto e o Oculto.

A partir do dia 30 de Abril e até 3 de Maio, a RTP2 vai também prestar homenagem "ao mestre do cinema português" com uma programação especial intitulada Celebrar Manoel de Oliveira, e de que farão parte a exibição de O Passado e o Presente, Os Canibais, Vale AbraãoUm Filme Falado. As sessões serão antecedidas por depoimentos do produtor Paulo Branco e de actores como Luís Miguel Cintra, Catarina Wallenstein e Ricardo Trêpa, neto do cineasta.

Notícia actualizada esta segunda-feira, com a antecipação da estreia para o Porto, dia 4 de Maio.

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