Festival de Nova Iorque à espera da adaptação que Paul Thomas Anderson fez de Thomas Pynchon

Inherent Vice tem Joaquin Phoenix como protagonista

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JEAN PAUL PELISSIER/REUTERS

É um dos destaques do fim de ano no cinema nos Estados Unidos e apontado como forte candidato a prémios. A estreia está agendada para Dezembro, mas a primeira apresentação mundial do filme será no próximo dia 4 de Outubro no Festival de Cinema de Nova Iorque, que decorre naquela cidade de hoje até dia 12 de Outubro.

Pela primeira vez o escritor Thomas Pynchon autorizou e Paul Thomas Anderson escreveu a adaptação ao cinema e realizou Inherent Vice. Depois de There Will be Blood (2007) e O Mestre (2012), Anderson, 44 anos, muda o cenário para o sul da Califórnia no início ad década de 70 para contar a sua versão da história de Larry ‘Doc’ Sportello, um detective privado, hippie viciado em marijuana às voltas com o desaparecimento de uma ex-namorada. O universo é moldado pela paranóia e pelo submundo peculiares na obra de Pynchon. Joaquin Phoenix, que já tinha estado em O Mestre ao lado de Philip Seymour Hoffman, será Doc e o elenco conta ainda com Reese Witherspoon, Josh Brolin, Benicio del Toro, Owen Wilson, Katherine Waterston e Sasha Pieterse.

Inherent Vice está a suscitar enorme curiosidade entre os amantes de Anderson e de Pynchon. O realizador já confessou várias vezes ser leitor assíduo do escritor que continua a viver em Nova Iorque como um eremita e a publicar livros que desmontam o tempo e a mente humana num tom apocalíptico e numa linguagem a desafiar regras.

Inherent Vice, romance de 2009, não foge ao típico de Pynchon. A expressão refere-se a uma falha ou alteração de carácter usada em termos burocráticos ou científicos e tem sido explorada por alguns escritores pós-modernos. Pynchon já a usou em Mason & Dixon (Bertrand 2013). Aqui surge como um distúrbio mais humano, ou seja, a paranóia em Inherent Vice tem contornos menos políticos ou de cataclismo tecnológico, fazendo antes parte da contracultura como a que se viveu na Califórnia nas décadas de 60 e 70, com os hippies como Doc a temerem pelo fim de uma era onde o romantismo de ideias se possa estar a perder para outros valores com a vitória do capitalismo.

O sonho de adaptar este policial negro psicadélico, se assim se pode chamar, demorou. Que texto construiu Anderson a partir deste onde Pynchon é a grande interrogação. O realizador já foi nomeado duas vezes para os Óscares com os argumentos originais, como Boogie Nights (1997) e Magnólia (1999). Dia 4 serão conhecidas as primeiras reacções.

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