Festival de cinema independente de Pequim cancelado pelo regime chinês

Três elementos da organização foram presos e obrigados a assinar declarações em como não iam dar seguimento ao evento.

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Li Xianting um dos organizadores do festival mostra o papel que foi obrigado a assinar AFP Photo/Greg Baker

O festival de cinema independente de Pequim, na China, que deveria ter começado sábado, foi cancelado pelas autoridades chinesas. A organização da 11ª edição deste evento foi presa e o material apreendido quando o festival se preparava para começar, noticia o The Guardian.

No sábado à tarde, cerca de 15 polícias cercaram a sede do Li Xianting Film Fund, que organiza o festival de cinema, em Songzhuang, um lugar onde residem vários artistas, nos arredores de Pequim. O público que começava a reunir-se para primeira sessão era pouco – algumas dezenas de pessoas, escreve o The Guardian – mas foram obrigados a dispersar e quando ofereceram resistência, os polícias tiraram-lhes os telemóveis e apagaram as fotografias daquele incidente. As autoridades cortaram a electricidade do edifício e confiscaram os documentos que encontraram no escritório.

Os organizadores Li Xianting, Wang Hongwei e Fan Rong foram detidos durante cerca de cinco horas e forçados a assinar documentos em como se comprometiam a não dar continuidade ao festival.

O cinema chinês independente tem neste momento alguns realizadores a fazer documentários de baixo orçamento sobre a realidade do seu país: as tribos do norte em extinção, ou o dia-a-dia dos mineiros ou dos prisioneiros no corredor da morte. A exibição destes filmes tem estado limitada aos festivais de cinema independente que existem no país, cada vez mais com o certo apertado. No ano passado as autoridades impediram a realização do festival de Kunming e em 2012, o mesmo aconteceu com o evento de Nanjing.

Wang Hongwei, director artístico do festival, dizia numa entrevista em Julho que já tinha sido visitado várias vezes pelas autoridades nos últimos dois meses. “Eles vêm de diferentes departamentos – são da polícia, oficiais de educação, oficiais do comércio. Em qualquer dos casos, não são só forças de segurança ou polícia que vêm – é o governo”, contava, alegando estar em permanente vigilância.

Esta não foi, no entanto, a primeira vez que o festival sofreu a interferência das autoridades chinesas. Em anos anteriores, a organização já tinha sido obrigada a mudar o lugar das suas sessões e chegou a mudar as projecções públicas para sessões em casas privadas.

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