Falta o veneno

O House of Cards americano de 2015 é melodramático, matrimonial... e reles.

Pensei que conseguiria ver a terceira temporada de House of Cards (HOC) num só dia. São 13 episódios de 50 e tal minutos cada: apenas 11 horas. A Maria João estava na APPSI, em Lisboa, o dia inteiro.

Almocei em casa, enquanto via o HOC para ganhar tempo. Mas, mesmo assim, só consegui ver os primeiros 12 episódios. Só no dia seguinte vi o derradeiro e décimo terceiro.

Eis a minha crítica: é muito, muito pior do que as duas temporadas anteriores. É mais lento e menos violento; mais matrimonial e menos cerimonial; mais bonzinho do que mau; mais meramente político do que diabolicamente mefistofélico.

A terceira temporada do HOC é chata e doméstica, porque é centrada no casal Underwood, e idiota e escusada, porque se dedica a uma política externa que é simplista, estúpida e agonizantemente previsível.

Talvez a quarta temporada seja boa. Será, com certeza, melhor. E provavelmente a última. Odeio spoilers — sobretudo as pessoas que avisam que vêm aí spoilers —, mas é meu dever avisar que a série americana de HOC, ao contrário da mais cínica e divertida versão original da BBC, parece querer durar até atingir a eternidade.

A versão inglesa, a partir de três romances de Michael Dobbs, deu três temporadas curtas de obras-primas, presididas pelo magnífico canastrão Ian Richardson, que morreu em 2007, sem ter de aturar a concorrência de Kevin Spacey.

O HOC americano de 2015 é melodramático, matrimonial... e reles.

Não vale a pena ver. É uma chatice.

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