Este foi o melhor ano de sempre para a arte contemporânea em leilão

Números mostram que os investidores estão cada vez mais interessados nos artistas nascidos depois de 1945.

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A versão amarela do "Balloon Dog" na exposição do Whitney
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Apocalypse Now (“SELL THE HOUSE, SELL THE CAR, SELL THE KIDS”), de 1988 e considerada a pintura mais importante do artista, foi arrematada por 17,5 milhões de euros DR
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Jean-Michel Basquiat (1960-1988), "Untitled (Yellow Car and Feathers)", de Jean-Michel Basquiat, é uma obra de 1981 e foi vendida por 22,5 milhões de euros Sotheby's
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"Nurse of Greenmeadow" (2002), de Richard Prince, foi vendida por 5,4 milhões de euros Christie's

A Art Price, organismo que monitoriza o mercado da arte e se encarrega de divulgar rankings de artistas e as tendências dos investidores e coleccionadores acaba de publicar o seu relatório anual sobre o estado do mercado da arte contemporânea. Os resultados, garante, fazem do período Julho 2013-Julho 2014 um ano recorde, com o norte-americano Jeff Koons a liderar a lista dos artistas mais valorizados – em Novembro, uma das suas esculturas, Balloon Dog (Orange), foi vendida por 38,8 milhões de euros, tornando-se a obra de arte contemporânea mais cara arrematada em leilão e destronando o alemão Gerhard Richter.

O relatório da Art Price, feito com base nos resultados de 4500 leiloeiras e no acompanhamento das principais agências de notícias e de 6500 publicações em todo o mundo, coloca Koons à cabeça de uma lista de 500 artistas (ordenada pelas receitas globais do leilão em que as suas obras foram vendidas) que inclui Jean-Michel Basquiat, Takashi Murakami, Tracey Emin, Fanzhi Zeng, Ai Weiwei , Richard Prince, Damien Hirst e até a portuguesa Joana Vasconcelos, que aparece na 411.ª posição. O recorde de Koons não deverá dissociar-se da retrospectiva que o Museu Whitney, em Nova Iorque, lhe dedica (27 de Julho a 19 de Outubro) e reflecte, segundo as conclusões dos analistas da Art Price, o interesse cada vez maior dos coleccionadores pelos artistas nascidos depois de 1945.

Em quatro anos, mostram os números, os resultados da arte contemporânea leiloada praticamente duplicaram, contrariando o ano negro de 2009/2010, em que caíram 48%.

Atingindo os 1500 milhões de euros e com 13 obras contemporâneas a ultrapassar a barreira dos dez milhões de dólares (7,8 milhões de euros), 2013/2014 registou um novo pico no que diz respeito a resultados globais das leiloeiras, à subida dos preços e a vendas recorde para artistas nascidos depois de 1945. Um pico que faz lembrar o período de 2004-2007, de especulação galopante.

Julho de 2013-Julho de 2014 foi mesmo o melhor ano de sempre para os leilões de arte contemporânea, ultrapassando em 15% os resultados de 2007, ano excepcional em que as receitas dos leilões dispararam 50%.

Diz a Art Price que na última década, no geral, os preços da arte contemporânea subiram mais de 70% e que o número de obras leiloadas quintuplicou. Porquê? Porque, apesar da volatibilidade do sector, com oscilações que podem ser drásticas, o interesse dos investidores tem vindo a crescer, algo que não se pode separar da globalização do mercado. Hoje e cada vez mais, quando uma obra vai à praça, os licitadores estão em qualquer parte do mundo, sendo a arte vista como um bom investimento. Os 100 artistas contemporâneos que mais ganharam nestes 12 meses geraram mil milhões de euros, um montante que impressiona quando comparado com o que os 100 maiores nomes eram capazes de fazer circular há precisamente dez anos (102 milhões de euros).

No global o mercado cresceu 12%, com os artistas pós-1945 a serem responsáveis por uma fatia de 15% - só a arte moderna e a do pós-guerra ultrapassam a contemporânea.

Neste território de forte competição, os dois principais pólos geradores de receita são a China e os Estados Unidos. No ano passado estavam empatados, mas agora a vitória é asiática – com 601 milhões de euros, a China detém hoje 40% do mercado de arte contemporânea, deixando os norte-americanos com 38% (552 milhões) e a Europa na cauda: o Reino Unido com 15% (231 milhões) e França com menos de 2% (26,3 milhões).

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