Estamos cada vez mais perto de comprar grandes mestres da pintura no eBay

A Sotheby’s e o eBay anunciaram uma nova parceria. Os dois gigantes querem chegar aos clientes um do outro num sector – o das transacções de arte e antiguidades online – que se estima venha a crescer 25% por ano nos tempos mais próximos.

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Imagem de vídeo de Marilyn Monroe à venda no eBay em 2009

Ainda não estamos completamente lá, mas não falta muito, dizem a leiloeira Sotheby’s e o eBay, o maior especialista mundial de leilões online. Os dois gigantes anunciaram esta segunda-feira uma nova parceria através da qual pretendem chegar aos clientes um do outro reposicionando-se no mercado mundial de compra e venda de arte e antiguidades online.

Para já, a partir do Outono, a aposta centrar-se-á em segmentos como a joalharia, a relojoaria, a gravura, a fotografia, os vinhos e o desenho do século XX. Só mais tarde a nova plataforma da Sotheby’s ainda em construção no interior do eBay passará, eventualmente, a transmitir e permitir licitar nos leilões reservados aos lotes “blue chip”, os mais valiosos, como os dedicados aos grandes mestres da pintura antiga, moderna ou contemporânea.

"O crescimento do mercado da arte, da tecnologia de nova geração e as nossas forças conjuntas fazem com que este seja o momento certo para esta excitante nova oportunidade”, disse Bruno Vinciguerra, da Sotheby’s, citado pelo Wall Street Journal. “Vamos juntar-nos com o eBay para tornar as nossas vendas mais acessíveis à mais vasta audiência possível a nível mundial”, concluiu.

Não é a primeira vez que a Sotheby’s e o eBay tentam embarcar juntos nesta aventura. Em 2002 houve uma tentativa semelhante. Frustrada pela fraca resposta do mercado. Exactamente como a tentativa de três anos antes, quando em 1999 a Sotheby’s tentou juntar-se com a Amazon, que entretanto, no ano passado, criou sozinha o seu Amazon Art. “Era cedo demais”, disse também Vinciguerra, “as pessoas não estavam preparadas.”  

Década e meia volvida, o crescimento do sector das transacções online tornou-se exponencial. E não só, como até agora, em produtos vintage ou de moda de luxo: segundo um relatório de Março da European Fine Art Foundation, de Maastricht, na Holanda, em 2013 as vendas online representavam apenas 5% dos perto de 66 mil milhões de dólares (47,7 mil milhões de euros) da totalidade do mercado global da arte e antiguidades; os mesmos especialistas antecipam, porém, um crescimento de 25% anuais nos tempos mais próximos – quer dizer que em 2020 as vendas de arte e antiguidades online poderão representar cerca de 13 mil milhões de dólares (cerca de 10 mil milhões de euros).

Reforçando esta perspectiva, o New York Times recorda ainda que entre 2012 e 2013 o número de lotes licitados online por clientes da Sotheby’s cresceu 36%, representando, no último ano, cerca de 17% do total das licitações. Acontece que a Sotheby’s terá cerca de 100 mil clientes – o eBay tem 145 milhões de utilizadores, a maioria dos quais nunca terá entrado numa leiloeira ou numa galeria de arte.

A Sotheby’s e o eBay não revelaram pormenores do acordo a que chegaram. No entanto, o Wall Street Journal refere que esta parceria parece reverter a decisão da Sotheby’s de 2006 que indicava que a leiloeira se concentraria no seu mercado de topo, o mercado blue chip. O jornal nota também que mais de metade dos lotes vendidos no ano passado pela Sotheby’s tinham valores entre os cinco mil e os 100 mil dólares (ou seja, entre os 3,6 e os 73,5 mil euros) – o mercado intermédio, que poderá ser o dos clientes a encontrar através do eBay. Já o NYT recorda que, recentemente, tanto a Sotheby’s como a sua rival, a Christie’s, fizeram grandes vendas online: em Maio, a Christie’s vendeu um desenho de Ricard Serra por 905 mil dólares (665 mil euros) enquanto no mês anterior a Sotheby’s tinha feito uma venda recorde de 3,5 milhões (2,5 milhões de euros) por um conjunto de aguarelas do naturalista John James Audubon.

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