Estado adquire centro de mesa de Maria Pia e retrato de mulher de Columbano

Palácio da Ajuda recuperou peça-chave da baixela de prata que pertenceu à rainha Maria Pia e o Museu do Chiado reforçou a sua colecção de obras de Columbano Bordalo Pinheiro.

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Centro de mesa que pertenceu à baixela da rainha D. Maria Pia
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Centro de mesa
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Promenor do centro de mesa
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Promenor do centro de mesa
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Pintura de Columbano Bordalo Pinheiro retratando a sua mulher, Emília
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A Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) adquiriu esta segunda-feira um centro de mesa que pertenceu à baixela da rainha D. Maria Pia, e cujo paradeiro se ignorava há mais de um século, e ainda um raro retrato feminino de Columbano Bordalo Pinheiro, a que serviu de modelo a mulher do artista, Emília.

Ambas as peças foram adquiridas na primeira sessão de um leilão de dois dias promovido pela leiloeira Cabral Moncada. O centro de mesa, destinado à colecção do Palácio Nacional da Ajuda, antiga residência real, estava estimado entre 15.000 e 22.500 euros, mas acabou por atingir 48 mil euros. E a peça foi já à praça com o condicionalismo de não poder ser exportada, uma vez que a leiloeira avisou atempadamente o Estado e este abriu de imediato um processo de classificação.

A baixela em prata que tinha neste centro de mesa a sua peça principal foi encomendada ao ourives francês Auguste Pierre Adolphe Veyrat (a casa Veyrat ainda hoje existe) para o casamento de Maria Pia de Sabóia com o rei português Luís I, celebrado em 1862. Quase todas as restantes peças desta baixela, incluindo três taças de vidro monogramado que encaixavam nos cestos encanastrados do centro de mesa agora recuperado, estão conservados no Palácio Nacional da Ajuda, cuja exposição permanente inclui uma reconstituição dos ambientes privados da família real.

A peça desparecera sem deixar rastro em 1912, quando Maria Pia, pouco após a implantação da República, se viu obrigada a leiloar as suas jóias e pratas, que dera como garantia de avultados empréstimos. O centro de mesa foi então adquirido por 1830 escudos, o que corresponderia hoje a cerca de 90 mil euros.

 No mesmo leilão, a DGPC arrematou um retrato de Columbano para a colecção do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, que possui já cerca de 200 obras do artista, entre pinturas e desenhos.  Estimado entre oito e 12 mil euros, e adquirido por 11.500 euros, este retrato da mulher do artista – um óleo sobre madeira de 24 por 19 cm – “é de excelente qualidade técnica”, diz a especialista em Columbano do Museu do Chiado, Maria Aires Silveira, que sublinha ainda a relativa raridade das presenças femininas num pintor que retratou sobretudo intelectuais e políticos.

A técnica do museu chama ainda a atenção para o facto de a modelo estar a olhar frontalmente para o artista, outra singularidade deste retrato. Emília Bordalo Pinheiro é também a protagonista de uma das melhores e mais conhecidas obras de Columbano, A Chávena de Chá, mas aí, nota Maria Aires Silveira, surge quase de costas, vendo-se apenas parte do perfil.

Filho do pintor romântico Manuel Bordalo Pinheiro e irmão mais novo do caricaturista e ceramista Rafael Bordalo Pinheiro, Columbano (1857-1929) é considerado o mais importante pintor português da sua geração. Após a implantação da República, dirigiu durante mais de uma década o então pioneiro Museu Nacional de Arte Contemporânea, hoje Museu do Chiado.

 

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