Escritor Luís Miguel Rocha morre aos 39 anos

Autor do best seller O Último Papa, início de uma tetralogia centrada no Vaticano, Luís Miguel Rocha morreu esta manhã em Mazarefes, Viana do Castelo, vítima de cancro

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O escritor Luís Miguel Rocha, de 39 anos, autor do best seller O Último Papa (2006), morreu esta manhã, vítima de cancro, em Mazarefes, Viana do Castelo, em casa de familiares, informou a Porto Editora.

Natural do Porto, onde nasceu em Fevereiro de 1976, Luís Miguel Rocha foi repórter de imagem, tradutor e guionista, tendo começado a sua vida profissional enquanto técnico da produtora responsável pelas missas exibidas na TVI. E seria justamente a Igreja Católica, e em particular o Vaticano, com os seus alegados segredos e conspirações, que serviria de tópico ao romance que o celebrizou.

O autor, que viveu dois anos em Londres, estreara-se na ficção em 2005 com um romance centrado no Portugal do Estado Novo, Um País Encantado, quando, segundo afirmaria em diversas entrevistas, recebeu documentos inéditos, de uma fonte nunca identificada, que trariam uma nova luz sobre a morte, em 1978, do para João Paulo I, Albino Luciani, que teria sido assassinado no contexto de uma conspiração que envolvia a loja maçónica italiana P2 e cujas ramificações chegavam ao alegado atentado que vitimou Francisco Sá-Carneiro.

Luís Miguel Rocha manteve sempre a versão de que optara por escrever um romance por imposição da sua misteriosa fonte, que lhe pedira que misturasse verdade e ficção. Um dos documentos que lhe teria chegado às mãos era o diário do próprio Albino Luciani, que teria sabido pela irmã Lúcia (seria esse o verdadeiro terceiro segredo de Fátima), que viveria como papa tantos dias quantos os anos que Jesus Cristo tivera de vida terrena.

O Último Papa foi traduzido em diversas línguas, vendeu meio milhão de exemplares em todo o mundo e terá sido o primeiro romance português a chegar, nos Estados Unidos, ao top dos livros mais vendidos do jornal New York Times.

Um sucesso que levou Luís Miguel Rocha a explorar o filão do Vaticano, como Dan Brown fizera antes dele, e a publicar mais três romances relacionados com os bastidores da Cúria. Em 2007 sai A Bala Santa, que propõe uma nova tese para o atentado que João Paulo II sofreu em 1981, e ao qual sobreviveu. Segue-se A Mentira Sagrada (2011), centrado num documento que abalaria os fundamentos da fé cristã e que Bento XVI lê e oculta, como todos os papas que o antecederam, e o recente A Filha do Papa (2013), que sugere que a verdadeira razão para Pio XII não ter sido beatificado não foi o anti-semitismo, mas o (alegado) facto de ter uma filha.

Em algumas entrevistas, o escritor diz que os documentos confidenciais que recebeu, e que incluiriam uma longa lista de membros da P2, estariam hoje na posse de dois jornalistas italianos e de um inglês, que os revelariam quando achassem que o deviam fazer. Algo que até agora nenhum deles fez.

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