Em Beja, contam-se histórias daqui, dali e dacolá

Era uma vez? Não. Foram muitas vezes. Desde 1999 que, de dois em dois anos, as Palavras Andarilhas põem Beja a escutar histórias nos finais de Agosto. Nesta edição, chamaram Festival Contos do Mundo às vozes que ecoam no jardim até dia 28.

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14.ª edição das Palavras Andarilhas e 1.ª do Festival Contos do Mundo decorrem em Beja André Letria

A 14.ª edição das Palavras Andarilhas e a 1.ª edição do Festival Contos do Mundo enchem Beja, até domingo, de histórias e de boas práticas de contar. Nos anos anteriores, sempre houve serões de contos internacionais no jardim público ou na Biblioteca José Saramago, mas a partir deste ano as sessões de contos autonomizam-se num festival, que será anual.

Cristina Taquelim, promotora de leitura e o principal rosto da organização deste encontro internacional, explicou à Lusa que o formato vem substituir o Festival da Narração, com as suas já tradicionais sessões de contos: “O Festival Contos do Mundo nasce da aposta da Câmara de Beja em dar outra regularidade ao projecto de promoção da leitura, da narração oral e da literatura associado ao Palavras Andarilhas – Encontro de Aprendizes do Contar.”

Assim, durante cinco dias (a festa começou nesta quarta-feira e termina no domingo), mais de 30 artistas, músicos e contadores de histórias, de dez nacionalidades, integram a programação, que se estende para lá da cidade. Uma das iniciativas, Contos D’ir Ó Fresco, vai ao encontro das populações de dez localidades das freguesias rurais do concelho. Mas as histórias também hão-de chegar a instituições particulares de solidariedade social e ao estabelecimento prisional de Beja.

A componente de formação das Palavras Andarilhas continua a ter como alvo preferencial mediadores e promotores da leitura, profissionais da narração oral, escritores, ilustradores, bibliotecários, professores e educadores. Mas é aberto a toda a gente.

Escritores como João Mésseder, Vergílio Alberto Vieira, Afonso Cruz, Xabier Puente DoCampo, Margarida Fonseca Santos, entre outros, irão estar por estes dias à conversa no jardim público (sexta e sábado) de Beja. Mas também será possível encontrar ilustradores como Rachel Caiano, André da Loba e Mafalda Milhões (domingo, 19h45). A revista Blimunda e a Fundação José Saramago estarão representadas, respectivamente, por Andreia Brites e Sérgio Letria, que irão dialogar com a argentina Maria Teresa Andruetto (sábado, 18h30).

Os contadores de histórias António Fontinha, Thomas Bakk, Ana Sofia Paiva, Cláudio Fonseca e Rodolfo Castro vão ter por companhia narradores que convocam imaginários de Espanha, Itália, Marrocos, Mali, São Tomé, Cuba, Brasil e Japão.

O Mercadinho Andarilho instalado no jardim acolherá mostras e vendas de obras de artistas plásticos e tendas de livreiros. Haverá espectáculos de poesia no Teatro Municipal Pax Julia e exposições na Biblioteca Municipal de Beja. O encerramento do festival está marcado para as 21h30 de domingo, com a actuação do humorista e contador de histórias Jorge Serafim (que pertenceu à equipa da Biblioteca de Beja durante vários anos) e com um espectáculo de Celina da Piedade, acordeonista e cantora.

Para o vice-presidente da Câmara de Beja, Vítor Picado, o encontro tem dado “um contributo fundamental para a afirmação de Beja na esfera do turismo cultural, cruzando a leitura, a narração oral, a literatura e o património”, disse à Lusa.

Manda a tradição que no início de cada edição se faça a leitura colectiva do Juramento Andarilho, de que se deixa aqui um excerto: “(…) Juro empreender as minhas lutas pelo direito a que todos possam ler e ler-se, não só durante as Andarilhas, mas ao longo de todo o ano, de todos os dias, nas escolas, nas bibliotecas, nos teatros e nas cidades, nas aldeias e nos bairros, em todas as ruas e dentro de casa (…)” Seja. com Lusa

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