Do novo cinema romeno à colecção de cartazes de Jochen Lempert: brevemente na Culturgest…

O adiado concerto de Jim Black e a estreia da nova criação de Rui Horta são outros dos destaques da rentrée da instituição.

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Cartaz para uma exposição de Robert Rauschenberg na Galleria La Tartaruga, em Roma, em 1959
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It Can Pass Through The Wall, a última curta do cineasta romeno Radu Jude, que estará em foco na Culturgest

Iniciada pelo pai de Jochen Lempert em meados da década de 1960 e entretanto expandida pelo fotógrafo alemão, a colecção de cartazes de exposição de artista que chega à Culturgest no próximo Outono contabiliza actualmente mais de 15 mil raros exemplares assinados – mais ou menos discretamente – por nomes como Andy Warhol, Dieter Roth, Jean Dubuffet, Marcel Broodthaers, Richard Hamilton, Robert Rauschenberg e Sol Lewitt, entre muitos outros. Não foi por acaso que os inventariámos alfabeticamente: a colecção Lempert será baralhada e voltada a dar em três capítulos sucessivos que correspondem a outras tantas formas de organizar os milhares e milhares de itens que se acumularam nos armazéns da família ao longo dos últimos 50 anos. Num primeiro momento da operação Querido, reorganizei a colecção…, entre 1 de Novembro e 15 de Março, os cartazes serão mostrados por artista; no segundo, agendado para o Outono de 2015, por género; no terceiro, a abrir 2018, por data de edição.

Juntamente com a apresentação de um novo trabalho de Carlos Nogueira na filial do Porto – Da Natureza das Coisas Tudo Acaba, a partir de 4 de Outubro –, os cartazes da colecção Lempert são o programa da Culturgest para esta rentrée nas artes visuais. Mas a temporada da instituição começa bem antes, já a 10 de Setembro, com o concerto de lançamento do novo disco de André Fernandes, Wonder Wheel, ocasião em que este que é um dos mais interessantes guitarristas do jazz nacional (ver texto na página 6) se fará acompanhar por Mário Laginha, Inês Sousa, Demian Cabaud e Alexandre Frazão. Ainda no jazz, a Culturgest receberá ainda até ao final do ano o trio de Jim Black, que finalmente consumará a 31 de Outubro o concerto, criado a partir de Somatic, que uma greve fez cancelar em 2012, e a dupla Maria Pia De Vito e Huw Parren (26 de Setembro). No Porto, a programação de música continua a cargo da Filho Único, que marcou para os últimos meses de 2014 concertos de Rashad Becker (19 de Setembro), referência das electrónicas, Barry Guy (1 de Novembro), figura central do jazz e da improvisação europeus, e Rafael Toral (5 de Dezembro). No cinema, o grande destaque é a Festa do Cinema Romeno (19 a 23 de Novembro), comissariada pela Associação IndieLisboa – Radu Jude, que há semanas mostrou em Vila do Conde a sua última curta-metragem, It Can Pass Through The Wall, será o cineasta em foco.

Entretanto, na dança, a Culturgest fará também a estreia nacional das novas criações de Rui Horta (A Hierarquia das Nuvens, 10 e 11 de Novembro) e Joana Providência (Território, a partir de Alberto Carneiro, 5 e 6 de Dezembro) e de um solo de Ann Papoulis Adamovic, discípula de Merce Cunningham (Mirage, 14 e 15 de Novembro); quase a fechar o ano (12 a 14 de Dezembro), e antecipando as comemorações dos seus 40 anos de carreira, Olga Roriz reporá também por ali o solo que estreou em 2000 no Citemor, Os Olhos de Gulay Cabbar. A programação de teatro passa pela double bill (uma noite, um bilhete, duas peças) composta por O Espectáculo do Futuro, um one-man show tão biográfico quanto futurologista da canadiana Deborah Pearson, e o que acontece à esperança no fim da noite, pingue-pongue entre os velhos conhecicos Tim Crouch e Andy Smith (25 a 27 de Setembro) – e também por Nova, Caledónia (26 a 29 de Novembro), o espectáculo com que André Guedes e Miguel Loureiro fazem a sequela da sua primeira colaboração sobre a Comuna de Paris, Como rebolar alegremente sobre um vazio exterior (2000), seguindo os communards até ao seu inglório destino de exilados no Pacífico Sul.

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