Detenção em massa na China e quase 1200 artefactos resgatados

Está a ser apresentada como a maior operação policial para recuperar artefactos na China. Envolveu mil agentes, levou à detenção de 175 pessoas e ao resgate de 1168 objectos saídos de escavações ilegais.

Vista geral do sítio arqueológico
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Vista geral do sítio arqueológico DR
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A divindade de argila e olhos de jade do Templo da Deusa DR

O Ministério da Segurança Pública chinês garante que deteve 175 pessoas relacionadas com o saque de 1168 artefactos de escavações ilegais em Niuheliang, um sítio arqueológico do neolítico situado na província de Liaoning, no nordeste do país. A notícia é avançada pelo canal britânico BBC, que, citando fontes oficiais, acrescenta que os objectos roubados estão avaliados em 74 milhões de euros.

Num comunicado, o ministério informou ainda que a actividade dos saqueadores provocou danos irreparáveis naquele sítio arqueológico com mais de cinco mil anos, descrito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) como uma importante necrópole e um centro de sacrifícios rituais.

Desde os anos 90 que as autoridades chinesas estão a trabalhar para inscrever Niuheliang e mais dois locais ligados à cultura hongshan na lista da herança cultural da humanidade, mas segundo o site oficial deste órgão das Nações Unidas, só em 2013 é que o dossier de candidatura foi submetido para avaliação do comité do património mundial, que ainda não se pronunciou.

De acordo com os media estatais, esta apreensão resulta da maior operação do género realizada desde 1949, tendo envolvido 1000 agentes policiais.

“Os artefactos são vendidos muito depressa, são transaccionados num curto espaço de tempo”, disse Cai Binghui, um representante da polícia, ao diário chinês China Daily, citado pela BBC. No mesmo comunicado ministerial, divulgado pela agência de notícias oficial Xinhua, explica-se que os detidos fazem parte de dez gangues que operam em Niuheliang e que entre eles há quatro arqueólogos.

No lote de 1168 peças recuperadas está um dragão de jade que, segundo as autoridades, será uma das mais antigas representações deste ser mitológico.

Os arqueólogos chineses começara a escavar em Niuheliang na década de 1980 e, desde então, puseram a descoberto um extenso complexo de edifícios ligados a práticas rituais, profusamente decorados com pinturas murais e baixos relevos com dragões e figuras humanas. Segundo a revista National Geographic, este sítio da província de Liaoning é marcado por túmulos muito elaborados, por templos circulares e estruturas dedicadas à astronomia.

O chamado Templo da Deusa – edifício com uma importante escultura em argila pintada com cinco mil anos e rodeado de altares sacrificiais – é um dos mais singulares deste conjunto patrimonial que tem sofrido vários ataques.

Desde meados dos anos 1990, quando o governo chinês ordenou o encerramento de uma série de minas ilegais na região, obrigando à deslocação de mais de dez mil pessoas, que Niuheliang tem vindo a ser saqueada, apesar das dezenas de guardas contratados para assegurar o perímetro do sítio.

Niuheliang está a ser estudada por equipas chinesas e internacionais compostas por arqueólogos, antropólogos e arquitectos. O governo de Pequim investe na sua preservação há mais de 20 anos.
 

 

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