No MNAA vamos descobrir a corte portuguesa através da vida dos Saboias

Os Saboias. Reis e Mecenas (Turim, 1730-1750) traça a ascensão ao poder desta importante casa real e de como a cidade de Turim se tornou no símbolo dessa promoção. O mesmo acontecia na altura em Lisboa com D. João V a apostar na afirmação de Lisboa.

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A cidade de Turim na obra de Bernardo Bellotto à entrada da exposição Sandra Ribeiro
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São muitos os detalhes da transformação da vida dos Saboia que estão em exposição Sandra Ribeiro
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Alguns dos tesouros da Casa de Saboia estão em exposição no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, numa parceria com o Museo Civico d’Arte Antica - Palazzo Madama, em Turim. Visitar esta mostra é descobrir o esplendor da capital do Piemonte na primeira metade do século XVIII quando os Saboias adquiriram a dignidade régia. Conhecer a transformação de Turim, com a ascensão da casa dos Saboia, é exactamente descobrir a vida da corte portuguesa naquela época, que se apagou nas muitas obras e registos destruídos pelo trágico terramoto de 1755 que abalou Lisboa.

As relações dinásticas entre as duas cortes foram contínuas e foram vários os artistas que trabalharam lá como cá. O que vemos no MNAA é Turim mas as semelhanças com a vida da monarquia em Lisboa são muitas. É isso mesmo que o director do Museu Nacional de Arte Antiga, António Filipe Pimentel, destaca da exposição Os Saboias. Reis e Mecenas (Turim, 1730-1750), que é hoje inaugurada e que abre amanhã ao público.

“Temos uma grande colecção de pintura religiosa mas a pintura civil foi destruída”, diz António Filipe Pimental na visita guiada que fez ontem à comunicação social, explicando que o que se pretende dar a conhecer aqui é o lado mais quotidiano da família real. Até porque, como lembra o director do museu, Os Saboias. Reis e Mecenas (Turim, 1730-1750) é uma exposição “espelho” da A Encomenda Prodigiosa. Da Patriarcal à Capela Real de S. João Batista, que encerrou no MNAA em Outubro de 2013, sobre como a religião ocupava um papel central no reino.

“Agora aqui estão encomendas civis, temas históricos, pastorais, alegóricos”, explica Pimentel, ao lado das comissárias italianas Edith Gabrielli e Enrica Pagella, e do director-geral do Património Cultural, Nuno Vassallo e Silva. Entre Lisboa e Turim, conta o director, “há uma proximidade de estratégias e objectivos”, que passam muito pela “afirmação artística”.

No total são 103 obras, entre pinturas, esculturas, mobiliário, gravuras e livros, que acompanham a evolução entre o barroco e rococó italiano. São peças que contam a ascensão ao poder desta importante casa real. O mesmo acontecia na altura em Lisboa com D. João V a apostar na afirmação de Lisboa.

A figura central, ou um herói como lhe chamou o director, da exposição é o arquitecto italiano Filippo Juvarra. “É ele o coreógrafo da estética.” É Juvarra o responsável pela transformação do Palazzo Madama em residência oficial da Casa de Saboia. 

Mas além do arquitecto foram muitos os artistas que se deslocaram a Turim para participar nesta transformação da cidade. E por isos no MNAA há obras de artistas como Bernardo Bellotto, Francesco Ladatte, Pietro Piffetti, Crosato, Cignaroli ou Beaumont. “Tudo o que aqui está é muito bom”, afirma o director do museu, orgulhoso por apresentar esta exposição dividida em seis núcleos, e que sucede à mostra Rubens, Brueghel, Lorrain. A Paisagem do Norte no Museu do Prado, vista por 80 mil pessoas. À semelhança do que aconteceu com a exposição organizada em parceria com o museu madrileno, também esta mostra criada em conjunto com o Palazzo Madama conta com o apoio da Everything is New.

Enquanto aqui descobrimos a vida dos Saboia, em Turim o MNAA propõe repensar a arquitectura como utopia e conceito na exposição A Arquitectura Imaginária: pintura, escultura, artes decorativas, inaugurada na semana passada e que põe lado a lado peças como uma pintura de Gregório Lopes, um cofre em cristal de 1600 ou um projecto de Álvaro Siza, em Lisboa.

“Esta exposição é a contrapartida que Turim preparou especialmente para mostrar no MNAA, e representa um contributo notável e inovador do ponto de vista científico”, explica Pimentel, considerando este “um projecto especial”.

O Pallazo Madama é uma das 21 residências reais dos Saboia, dentro ou nos arredores de Turim, que em 1997  foi classificado como Património da Humanidade da Unesco. “Acolher uma centena de obras deste acervo é um privilégio e uma prova da qualidade deste conjunto.”

O preço dos bilhetes para esta exposição será o mesmo daquele praticado na mostra do Prado, ou seja, seis euros. Mas no sábado, entre as 21h e a meia-noite, e no domingo o dia todo haverá um desconto de 50% para celebrar a Noite Europeia dos Museus e o Dia Internacional dos Museus. A mostra estará no MNAA até 21 de Setembro.

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