Cynthia Lennon morreu aos 75 anos

Casada com John Lennon de 1962 a 1968, e mãe do músico Julian Lennon, a artista plástica Cynthia Lennon morreu esta quarta-feira, aos 75 anos, em Maiorca, onde vivia.

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Cynthia Lennon com o seu filho Julian em 2010, na inauguração, em Liverpool, de um monumento dedicado a John Lennon

A primeira mulher de John Lennon, Cynthia Lennon, morreu esta quarta-feira aos 75 anos na sua casa de Maiorca, Espanha, informou o seu filho, Julian Lennon, acrescentando que a mãe travara “uma curta mas corajosa batalha contra o cancro”.

Colegas num curso de Arte em Liverpool, John Lennon e a então Cynthia Powell começaram a namorar em 1958, casaram-se em 1962 e separaram-se em 1968, na sequência do envolvimento de Lennon com Yoko Ono. O único filho do casal, Julian Lennon, que também se tornaria músico, nasceu em Abril de 1963, quando os Beatles estavam a arrancar.

Nesse período inicial da banda, a mulher e o filho de John Lennon nunca eram referidos nos materiais promocionais dos Beatles, não tanto para protecção da sua intimidade, mas com receio de que a condição de pai de família tornasse Lennon menos atractivo para as legiões de fãs adolescentes que já então deliravam com os Fab Four.

Cynthia envolveu-se com Lennon quando ele era ainda um ilustre desconhecido e acompanhou-o durante os anos de ouro dos Beatles, quando o músico se tornou um dos rostos mais conhecidos do planeta. O casal só se divorciou em 1968, quando Cynthia descobriu que o marido mantinha uma relação paralela com a japonesa Yoko Ono.

Hunter Davies, que escreveu em 1968, quando a banda ainda estava em actividade, uma biografia autorizada dos Beatles, diz que Cynthia era “uma mulher encantadora” e “totalmente diferente” do marido. “Era discreta, reservada e calma, não era de todo uma hippie”, diz Davies.

Depois de se ter divorciado de John Lennon, Cynthia voltou a casar-se várias vezes, primeiro com o empresário hoteleiro italiano Roberto Bassanini, em 1970, depois com o engenheiro britânico John Twist (1976), e finalmente com Noel Charles (2002), um proprietário de discotecas natural de Trinidad e Tobago com quem esteve casada até à morte deste, em 2013. Nos anos 80, depois de se divorciar de John Twist, recuperou o apelido Lennon, que manteve desde então.

Em declarações ao jornal The Independent, em 1999, explica que se tratou de uma decisão puramente pragmática, já que o apelido do músico lhe abria portas enquanto artista plástica e designer.

Após a sua separação de Lennon, e a posterior dissolução dos Beatles, Cynthia continuou a ser acarinhada pelos fãs da banda e a participar regularmente nas suas convenções. Em 2005 publicou um livro de memórias, John, em que relata os dez anos que viveu com o músico.

Um relacionamento nem sempre fácil. Já em 1968, Hunter Davies conta que quando ambos ainda namoravam, em 1958, uma empregada de limpeza do colégio que frequentavam apanhou Lennon a bater em Cynthia e aconselhou-a a mantê-lo à distância.

E uma mais recente biógrafa de John Lennon, Jacqueline Edmondson, diz que pela mesma altura o músico lhe deu uma bofetada que fez Cynthia bater com a cara numa parede quando dançava com Stuart Sutcliffe (o primeiro baixista dos Beatles, precocemente falecido aos 21 anos), cujo quarto os dois namorados usavam para os seus encontros. O próprio Lennon dirá mais tarde, referindo-se a esses finais dos anos 50: “Vivi dois anos numa espécie de raiva cega: ou estava bêbado, ou a andar à pancada.”

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