“Celebrar a poesia de Fernando Pessoa é dar um contributo a Portugal”

Mariano Deidda celebra Pessoa nas comemorações do centenário da Orpheu. Este sábado, às 17h30, no São Luiz. A entrada é livre.

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Mariano Deidda, arauto da universalidade de Fernando Pessoa SARA MATOS

Arauto e divulgador internacional e incansável da obra de Fernando Pessoa, o cantor e compositor italiano Mariano Deidda está de volta a Portugal para dois concertos, em Lisboa e Gouveia. O primeiro é no Jardim de Inverno do São Luiz, este sábado, às 17h30.

Com ele (voz), estarão Nino La Piana (piano), Desidério Lázaro (saxofone) e Massimo Cavalli (contrabaixo). A cantora cabo-verdiana Celina Pereira deverá cantar com ele, tal como o fez no primeiro dos quatro discos que Mariano já gravou com poemas de Pessoa feitos canções. Mas Deidda traz outra novidade:

"Tenho uma bela notícia para Portugal. Vai ser dado o nome de Fernando Pessoa a um jardim infantil, em Itália, em Chivasso [município da região do Piemonte, província de Turim], e a inauguração, assim quis o destino, será a 19 de Junho, dia do meu aniversário [Mariano nasceu em 1961]." Estará uma delegação portuguesa na cerimónia. "As crianças são o futuro. E eu pensei: que maravilha! Em Itália, uma criança que diz à mãe: leva-me ao jardim Pessoa, para brincar. Depois de tantos anos dedicados a Fernando Pessoa, é para mim uma grande alegria saber que em Itália há um jardim infantil com o seu nome."

Este concerto de Mariano Deidda, que já se apresentou várias vezes em Lisboa mas noutras salas (CCB, Teatro Aberto, Teatro Nacional D. Maria II, Casa Fernando Pessoa), é o seu primeiro no São Luiz. Será uma viagem pelos seus discos dedicados a Pessoa, mas com uma particularidade: "No meu disco L’Incapacitá Di Pensare, com Miroslav Vitous no contrabaixo, há uma canção intitulada Una tenerezza confusa, que é parte da Ode Marítima de Álvaro de Campos, publicada na Orpheu 2. Ora como este ano se celebra o centenário da Orpheu eu quis inserir este tema no concerto. Além disso, o São Luiz é um teatro especial, porque está próximo da casa onde Pessoa nasceu, em 1888 [no Largo de São Carlos, n.º 4]. Além disso, o centenário da Orpheu assinala-se no mesmo ano em que se completam 100 anos da morte de Alberto Caeiro e 80 da morte de Pessoa. Portanto, são três aniversários num ano só. Celebrar a poesia de Pessoa é dar um contributo a Portugal."

Ele não sabe se é coincidência, mas diz que de cada vez que em Itália o seu trabalho com Pessoa surge em jornais, revistas, na rádio ou na televisão, aumenta o turismo vindo de Itália para Portugal. "Mensagem, o meu disco de 2013, foi aquele que teve maior impacto nos meios de comunicação, todos falaram dele. Agora, que vou cantar no São Luiz e em Gouveia, virá dia 20 de Maio a Portugal uma equipa da televisão italiana RAI, para fazer uma reportagem em Lisboa, ligando Fernando Pessoa ao Alentejo. Foi uma descoberta minha. Iremos de Lisboa a Évora e a Reguengos, num roteiro de três dias, porque eu soube que a irmã de Pessoa andou muitos anos por Évora e Pessoa dedicou duas poesias ao Alentejo."

Mariano Deidda acha natural que, para lá de lerem a poesia, as pessoas tenham curiosidade acerca da vida do poeta, da sua existência física. Daí a ligação aos lugares, prova de que o poeta não era "um fantasma" mas um admirável criador vivo.

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