Casa de Camilo em Famalicão vai ser ampliada

Investimento procura apoio de fundos europeus. Quinta pedagógica será criada na propriedade agrícola anexa ao edifício.

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Casa de Camilo Marco Maurício

A Casa-Museu de Camilo Castelo Branco em Famalicão vai ser ampliada, melhorando a área de acolhimento aos visitantes e criando novas condições para um serviço educativo dirigido ao público infantil.

O investimento foi anunciado esta segunda-feira pela autarquia local, que recentemente comprou a propriedade agrícola anexa ao edifício para ali criar uma quinta pedagógica onde será recriado o ambiente do Minho na segunda metade do século XIX, quando o escritor português ali produziu grande parte da sua obra.

A intervenção anunciada pela autarquia vai permitir restaurar na íntegra a área actualmente visitável da casa do escritor e ampliar para um espaço anexo – a chamada "casa dos caseiros" – o espaço museológico. Com este alargamento serão criados um novo espaço de acolhimento dos visitantes e uma sala para o serviço educativo destinada ao público infantil, com capacidade para 30 crianças. O projecto prevê ainda o melhoramento das condições na loja e galeria de exposições já existentes.

“Queremos dar sequência ao que tem sido a nossa política de valorização da presença de Camilo no nosso território”, declarou o presidente da Câmara de Famalicão, Paulo Cunha, na apresentação do projecto. A obra de restauro e alargamento da Casa de Camilo tem um orçamento estimado de 250 mil euros, que a autarquia espera conseguir financiar através de uma candidatura que está a ser preparada ao novo quadro comunitário de apoio.

Camilo Castelo Branco viveu naquela casa da freguesia de São Miguel de Seide, em Famalicão, com alguma regularidade desde 1863 até ao seu suicídio a 1 de Junho de 1890. O edifício tem, porém, uma configuração diferente da que teve na época em que o escritor ali viveu. Um incêndio, acorrido há precisamente 100 anos, destruiu o edifício e a sua configuração é fruto de várias intervenções, a primeira das quais em 1922, quando a casa foi transformada em Museu Camiliano, e a mais significativa nos anos 1955, época em que o espaço passou a ter a designação actual.

A obra anunciada pela autarquia pretende ainda aproveitar o facto de a câmara ter recentemente comprado a totalidade do terreno que formava a quinta pertencente à Casa de Seide para valorizar a propriedade agrícola. A intenção é criar uma pequena horta pedagógica, que possa recriar o ambiente rural do Minho na segunda metade do século XIX. Serão ainda plantadas árvores de fruto e outra vegetação de modo a reduzir o impacto visual dos edifícios modernos que contornam aquele espaço. A Casa de Camilo passará também a ter uma programação de ateliers temáticos ligados à actividade agrícola regional, como os ciclos do vinho verde e do pão de milho.

O projecto de recuperação e alargamento da Casa de Seide foi apresentado esta segunda-feira – dia em que se celebram os 190 anos do nascimento de Camilo Castelo Branco. Para assinalar a data, foi também reeditado o roteiro “Viajar com…Camilo Castelo Branco”, da autoria de Aníbal Pinto de Castro e de José Manuel Oliveira, uma edição da Direcção Regional da Cultura do Norte, que propõe uma viagem pelo Norte de Portugal através da obra de Camilo. O edifício acolhe também, a partir desta segunda-feira, duas novas exposições: uma fotográfica e documental intitulada Casa de Seide: História e Estórias, que apresentará um conjunto de imagens ao longo dos 150 anos da Casa de Camilo; e outra bibliográfica e documental sobre António Lopes Mendes, um amigo de Camilo, natural de Vila Real.

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