Bem feito!

Falta pouco para o site The Omnivore anunciar as nomeações para o prémio de The Hatchet Job of the Year de 2014. Hatchet job é um trabalhinho à machadada: uma demolição "engraçada, zangada e violenta" de um livro geralmente elogiado de um autor consagrado.

Na gíria jornalística britânica as pessoas que escrevem em jornais são hacks: talhantes que cortam nacos de prosa à medida, conforme o gosto dos patrões e dos clientes.

Em Fevereiro de 2014 ganhou o sulista disléxico A.A.Gill por ter feito pouco (com  piadas fáceis) da autobiografia do nortenho igualmente irritante (mas muito mais inteligente e talentoso) Morrissey.

Faço já a minha nomeação. Não há melhor bota-abaixista do que Michael Hofmann. É o grande tradutor de alemão para inglês do nosso tempo (de Joseph Roth, por exemplo). É um bom poeta e ensaísta mas é, sobretudo, tal como Joseph Roth, um escritor íntegro e incorrompível que tem a elegante virtude de não compreender – nem aceitar – aquilo de que ele, com razão e nunca apenas pessoalmente, não gosta.

Arrasou justa mas cruelmente Stefan Zweig, só porque Zweig não ser o que já sabia não ser (tão bom como Roth). No último London Review of Books (LRB) desfaz genialmente o romance idiota que ganhou o prémio Booker deste ano.

Exaspera-se. Vinga-se bela e lunaticamente das horas que perdeu a ler as espertezas cobardes e defensivas do pobre Richard Flanagan.

Lê-se de graça na Internet. As assinaturas do LRB são ainda mais baratas.

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