As personagens de Nuno Baltazar e uma retrospectiva no último dia do Portugal Fashion

No final do 36.º Portugal Fashion foi a vez de a casa-mãe receber silhuetas e cores de Inverno. Organização faz balanço dos últimos 20 anos numa edição por onde passaram 25 mil pessoas.

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Com a Primavera a despontar, as frias Furnas Poentes da Alfândega do Porto foram o palco escolhido para as mulheres de Nuno Baltazar desfilarem cobertas com mantas de fazenda a fazer de casacos – a proposta para o próximo Inverno. Noutra sala, mais quente, a veterana Fátima Lopes encerrou o evento que passou por oito passerelles em quatro dias.

Nuno Baltazar foi buscar às personagens do filme Um Homem Chora (2000) a inspiração para o seu Inverno 2016. Na película de Sally Potter há uma russa, uma judia e um cigano. O designer pegou nos estilos diferentes dos três – sofisticado, discreto e rústico – e criou uma mulher “algo sofisticada mas com conforto”, com a utilização de tecidos como o jacquard, acabamentos em foil e bordados brilhantes em contraste com fazendas com acabamento rústico. A sua paleta de cores dividiu-se em nudes, preto, dourado, cobre e azuis.

O criador que em Outubro faltou à apresentação na ModaLisboa e apresentou no Porto – “é um regresso para ficar”, reforçou no final do desfile –, assumiu a direcção criativa da Riopele Fashion Solutions, uma empresa dentro do grupo Riopele, e espera nos próximos tempos ver as suas criações fora de Portugal. “É um desafio complementar e é interessante ver, ainda que não em nome próprio, o meu trabalho em cadeias internacionais e de grande difusão”, diz, lembrando que “o futuro de um designer de moda são seis meses” e que a internacionalização da marca Nuno Baltazar apesar de ser um objectivo, “não é uma urgência vital”.

Noutro piso, numa passerelle envidraçada, a TM Collection de Teresa Martins materializou árvores nas cabeças das manequins e criou sobretudos, túnicas ou golas em lã, algodão, veludos e sedas enquanto o designer de calçado Luís Onofre mostrou sandálias com saltos vertiginosos e botas de cano alto com atilhos.

Coube, mais uma vez, a Fátima Lopes encerrar o evento com o seu Black Rainbow de formas curvilíneas e assimetrias em jumpsuits e casacos e uma novidade: coordenados masculinos desde blazers até golas em pêlo, sempre em tons escuros.

Sábado, último dia do 36.º Portugal Fashion, desfilaram ainda quatro nomes da plataforma Bloom, num dia dedicado também à indústria. Em desfile colectivo, seis marcas de calçado e depois sete de vestuário (umas em colectivo, outras com honra de desfile próprio, caso da Vicri, Lion of Porches e Dielmar) tiveram grande afluência e trouxeram consigo figuras conhecidas – os actores Diogo Morgado e José Fidalgo, a apresentadora Raquel Strada, a actriz Jessica Athayde – e um modelo com trissomia 21.

Uma alteração de paradigma
Vinte anos depois da primeira edição, em Julho de 1995, “é preciso olhar para trás e perceber que o paradigma da moda nacional mudou radicalmente”, reflecte Rafael Rocha, director de comunicação do Portugal Fashion, em conversa com o PÚBLICO. “A incorporação do factor tecnologia na indústria têxtil portuguesa, tanto nos produtos como nos processos, e a criatividade dos novos designers que o Portugal Fashion apresentou foi essencial e acrescentou mais-valias”, defende.

Pensado para fazer uma ponte entre o tecido industrial e o design de autor, o Portugal Fashion – “um projecto eminentemente comercial” que esta edição voltou a trazer 75 jornalistas internacionais e agentes de compras – quer dar aos novos criadores “um conjunto de ferramentas e apoios para que consigam, o mais rapidamente possível, vender lá para fora”. Luís Buchinho, que festejou 25 anos de carreira esta estação e apresenta semestralmente em Paris com o apoio do Portugal Fashion, é, aliás, um dos que já exporta mais de 50% das suas criações.

“Em 20 anos voltámos a ter sector têxtil e hoje já deixámos de ser apenas as fábricas procuradas pelas grandes marcas para produzir as suas colecções. Crescemos na cadeia de valor, já não é só ‘corta e cose’. Até nos desfiles dos criadores nacionais lá fora podemos notar isso. Já não é um desfile colectivo como em 1999 [primeiro ano em que a organização levou criadores nacionais a Paris], temos desfiles individuais”, exemplifica Rafael Rocha.

A celebração dos 20 anos do Portugal Fashion continua em Outubro, com a apresentação de ilustrações dos desfiles feitas durante os quatro dias desta edição, em colaboração com o mestrado de Ilustração do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, e de um vídeo-documentário.

A jornalista esteve hospedada a convite do Portugal Fashion 

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