As marionetas no cruzamento com a nossa vida quotidiana

Festival Internacional de Marionetas do Porto vai decorrer de 9 a 18 de Outubro.

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Mystery Magnet é o espectáculo de abertura do festival DR
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O Teatro de Marionetas do Porto vai estrear Barba Azul DR
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Escombros é a nova criação de Joclécio Azevedo DR
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Não sei o que o amanhã trará aborda o universo de Fernando Pessoa DR
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Punch & Judy é a versão inglesa do Dom Roberto DR

Quatro estreias absolutas e três produções vindas de fora e que serão mostradas pela primeira vez em palcos portugueses – é esta a principal carta de apresentação do Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP'15), que vai decorrer numa dezena de espaços da cidade, entre 9 e 18 de Outubro.

Mas o festival, que passados nove anos volta a ter sede no Teatro Rivoli – “um dos seus palcos históricos”, recordou esta segunda-feira o vereador Paulo Cunha e Silva, na conferência de imprensa de apresentação da programação do FIMP’15 –, vai ter um total de nove espectáculos envolvendo sete países, um ciclo de filmes, uma exposição de fotografia e meia dúzia de workshops.

Um programa mais leve do que costuma ser habitual, reflexo inevitável disse o seu director artístico, Igor Gandra de “um quadro de subfinanciamento da cultura a nível nacional”. Com um orçamento global, este ano, de 180 mil euros, o FIMP sofreu no quadriénio iniciado em 2012 um corte superior a 40% na dotação da Direcção-Geral das Artes que para 2015 lhe atribuiu 68 mil euros. Em contrapartida, o festival usufruiu do aumento do apoio da Câmara do Porto, que este ano “mais do que quadruplicou, para os 45 mil euros”, disse Paulo Cunha e Silva.

Os novos espectáculos de produção nacional que vão ter no Porto a sua primeira apresentação serão Não sei o que o amanhã trará, da Limite Zero, com encenação de Raúl Constante Pereira (Teatro Campo Alegre, dia 15). Trata-se de uma co-produção daquela companhia com o Rivoli (uma das quatro que o teatro municipal portuense assina com o FIMP’15), que aborda “o universo infinito de Fernando Pessoa”, explicou o encenador. “Pessoa é um espelho partido. Aqui estão apenas alguns estilhaços. Não cortam, mas podem magoar… e fazer sonhar. São a vida”, acrescenta a Limite Zero, na apresentação deste espectáculo no programa do FIMP.

Os Transportadores (Rivoli, dia 16), uma criação da Radar 360 em parceria com as Comédias do Minho e igualmente com a cumplicidade do Rivoli, é outra das estreias. Tem ainda a particularidade de resultar de uma residência artística realizada com a primeira Bolsa de Criação com o nome de Isabel Alves Costa (1946-2009), homenagem da autarquia à fundadora e referência história do FIMP e da própria programação do Teatro Rivoli. Os Transportadores é um espectáculo em que cinco actores manipulam objectos, sons, imagens, memórias e emoções: "pelo caminho, vão encontrando e acumulando, numa derradeira batalha entre o excesso e a carência”.


Barba Azul (TCA, dia 17) é a nova criação do Teatro de Marionetas do Porto, com texto e encenação de Rui Queiroz de Matos a partir do conto infantil de Charles Perrault, e que transforma esta tragédia clássica numa “trama carregada de acontecimentos cómicos e inesperados”, reflectindo vários aspectos do comportamento humano.

Escombros (Teatro Carlos Alberto, dia 17), criação igualmente em estreia de Joclécio Azevedo (co-produção com o festival Circular, actualmente a decorrer entre o Porto e Vila do Conde), é fruto da “relação do corpo dos actores com os objectos do quotidiano”, tema e técnica que atravessa várias criações do FIMP’15, realçou Igor Gandra. Escombros "é também resultado de uma certa obsessão em reaproveitar e transformar matérias e processos de trabalho, configurando novos percursos e gerando novos actos de destruição e criação”, acrescenta o texto de Joclécio de Azevedo no programa.

Entre as criações internacionais que vão ser mostradas em primeira mão no Porto está Mystery Magnet, da artista visual belga Miet Warlop, que, de resto, fará a abertura do festival (Rivoli, dia 9). “Será uma experiência muito forte”, que Igor Gandra apresenta também como “um pesadelo carregado de humor”.

Outras estreias em Portugal: Ma Biche et Mon Lapin (TCA, dia 10), do colectivo francês sediado em Rennes Aïe Aïe Aïe, com dois actores rodeados de objectos  em cima de uma mesa, com os quais contam “pequenas histórias pastorais, trágicas e divertidas”; e Insomni (TCA, dia 10), um espectáculo de teatro de objectos da companhia catalã Playground, de Xavier Bobés.

Completam o programa do FIMP'15 Punch & Judy (Teatro Nacional São João, dia 17), com que Rod Burnet traz ao Porto a versão inglesa dos nossos tradicionais “robertos”. E, em reposição no Porto, mas com “uma versão mais apurada”, Objecto Encontrado Perdido (TeCA, dia 10), criação de Igor Gandra e Carla Veloso para o Teatro de Ferro.

Esta companhia portuense irá também acolher, na sua sede em Campanhã, em datas que antecedem inclusivamente o festival (a partir de 7 de Outubro), cinco WOP (workshop) e WIP (work in progress) com actores, marionetistas e outros criadores portugueses e estrangeiros, e dedicados a públicos de todas as idades.

Um ciclo com quatro filmes, a exibir na Junta de Freguesia do Bonfim (dias 12 e 14), entre os quais o documentário A Ópera de Marionetas de Palermo, realizado por Marie-Laure Désideri e Christian Argentino; uma exposição de fotografia, com Auto-retratos do sérvio Vladimir Nikolic (Centro Português de Fotografia, dia 9); e uma conferência do marionetista, coleccionador e investigador francês Albert Bagno, sobre a missão da Unima Med, associação internacional de marionetas, na região do Mediterrânio (Universidade Popular do Porto, dia 12), completam o programa.

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