As férias do senhor Fachada

E assim chega o último disco de B Fachada antes da anunciada paragem de pelo menos um ano. Apropriadamente intitulado "O Fim", é um EP de seis temas para voz e braguesa electrificada, em que metade entra directamente para o já imenso cânone fachadiano. "Boa nova", em que Fachada canta “agora tenho braços de papá/ obra-prima já demora”, é lenta e melancólica e parte de uma figura delicada de braguesa; a melodia, espectral, é particularmente bonita. "Amor de mãe", mais gingona, é a canção- Zeca, com titiritiris e dicção imaculada; a meio há uma bela viragem melódica e uns uous que demonstram como Fachada consegue fazer muito de muito pouco. "Mana", uma deliciosa sequência de acordes em que Fachada enfia uma imensidão de palavras, é uma daquelas canções típicas do autor, que se desenrolam e desenrolam sem que nunca saibamos onde vai parar: ecoa Variações e tem uma delicada curva melódica que não a torna num single, pop embora com o tempo acabe por tornar-se viciante. As restantes três canções ("O fim", "Mano" e "Fado") mantêm a linha das restantes, mas as suas melodias não são tão memoráveis. Fachada é sempre melhor quanto mais pop e exultante, e sendo "O Fim" um disco íntimo não se tornará obrigatório numa obra admirável; mas os seus três docinhos mais saborosos são uma bela forma de dizer até já. Boas férias, senhor Fachada.

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