Artistas, primeiro, obcecados, depois (ou vice-versa)

A partir de Fevereiro, uma exposição no Barbican, em Londres, mostra colecções de artistas do pós-guerra e contemporâneos.

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A colecção de elefantes do artista pop britânico Peter Blake HUGO GLENDINNIN/CORTESIA BARBICAN

Sol LeWitt, Martin Parr, Andy Warhol e Damien Hirst não são apenas (como se isso fosse pouco) artistas, são também coleccionadores obcecados. Os objectos que reuniram ou têm vindo a reunir ao longo da vida serviram-lhes de inspiração, mesmo quando não é evidente a ligação que estabelecem com o corpo de obras que lhes é atribuído. O que nos dizem as colecções dos artistas? O fascínio pelos objectos antecede a sua relação com a arte ou é precisamente ao contrário?

Magnificent Obsessions: The Artist as Collector é a exposição que a galeria de arte do Barbican Center, em Londres, propõe no início do próximo ano (12 de Fevereiro a 25 de Maio) para abordar estas e outras questões, porque as colecções de artistas respondem a impulsos e interesses pessoais, mas também profissionais. Se assim não fosse, Warhol provavelmente não transporia para os seus trabalhos alguns dos artigos que muitos considerariam lixo e que ele comprava compulsivamente, a par de potes de bolachas de cerâmica; se assim não fosse, talvez Picasso não coleccionasse máscaras africanas e Le Corbusier conchas e pinhas, que apareciam nas suas naturezas-mortas.

Inspiração apenas ou matéria-prima, os objectos acumulados pelos artistas são janelas sobre os seus universos mais ou menos originais. Uns são altamente previsíveis, como Hirst, que colecciona caveiras; outros, como o fotógrafo japonês Hiroshi Sugimoto, fascinado por livros de anatomia do século XVIII, são já um pouco mais surpreendentes.

No Barbican, lê-se no site, serão mostrados apenas acervos de artistas do pós-guerra e contemporâneos, e, tanto quanto possível, de forma a reproduzir os métodos de exposição originais (na galeria como na casa do artista). As máscaras e os elefantes do britânico Peter Blake estarão entre as centenas de objectos reunidos em Magnificent Obsessions: The Artist as Collector, assim como a arte africana do franco-americano Arman (1928-2005), os mais de mil lenços de Vera Neumann que a californiana Pae White juntou, e os postais que o fotógrafo inglês Martin Parr foi comprando até hoje.

Ao lado destas colecções estarão obras dos seus proprietários, para que ao visitante não escape o que umas têm a ver com as outras (mesmo que às vezes precise de uma ajuda do comissariado).

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