Apesar dos hackers, The Interview já fez 30 milhões de euros - sobretudo em casa

Ainda longe de recuperar o seu investimento, a Sony Pictures continua a tentar expandir o lançamento da comédia. Portugal continua sem data de estreia em sala para o filme no centro do escândalo.

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A Sony Pictures continua a tentar recuperar o seu investimento na comédia The Interview e a fazer circular o filme que se tornou o símbolo do gigantesco ataque informático sobre o estúdio. Até domingo, em semana e meia de exibição, o filme fez 30 milhões de euros em receitas – a maioria das quais provenientes do vídeo on demand.

De acordo com a major de Hollywood, Uma Entrevista de Loucos (o título já atribuído para a estreia em Portugal, mas que continua sem data nos cinemas) conseguiu até domingo 26,1 milhões de euros nas plataformas online e de vídeo on demand. Alugada ou vendida 4,3 milhões de vezes em sites como o YouTube Movies, o Google Play, na loja iTunes ou em serviços de vídeo on demand como os da Comcast ou Time Warner Cable, a comédia que mostra o assassinato do líder norte-coreano Kim Jong-un às mãos de dois jornalistas americanos contratados pela CIA (Seth Rogen e James Franco) está ainda longe de igualar os seus custos. Ainda assim, nos primeiros quatro dias de exibição tornou-se o maior êxito da Sony nos canais digitais.

Orçado em cerca de 63 milhões de euros, entre custos de produção e de promoção, The Interview está também nas salas de cinema norte-americanas. Em 580 ecrãs, mais precisamente, também um número distante daquele que inicialmente serviria para exibir a sátira ao público dos EUA: chegou a estar contratualizado para 3000 salas, estimando-se assim que conseguisse recolher desde a sua estreia (24 de Dezembro) e até ao final do ano entre 38 e 50 milhões de euros nas bilheteiras, segundo estimou ao Los Angeles Times o analista Eric Wold. Em sala, o filme arrecadou 4 milhões de euros de receitas brutas de bilheteira.

A comédia-símbolo do hack à Sony não foi bem recebida pela maior parte da crítica norte-americana e estrangeira, mas muitos dos espectadores que chegaram a esgotar sessões nos dias de Natal diziam ter acorrido ao cinema em defesa da liberdade de expressão. O ataque informático sem precedentes a uma empresa nos EUA (detida pela japonesa Sony) começou com ameaças de um grupo de hackers que rapidamente mudou de nome e de objectivo – impedir a estreia do filme que a Coreia do Norte tomou como um “acto patrocinado de terrorismo” no Verão passado numa carta ao secretário-geral da ONU. Perante uma escalada das ameaças sobre um estúdio já de joelhos após o roubo de cem terabytes de dados, da divulgação de emails internos e de filmes para a Internet, a Sony decidiu suspender a estreia do filme já depois de os maiores exibidres dos EUA terem rejeitado acolher The Interview após menções ao 11 de Setembro numa das mensagens dos piratas informáticos. Logo de seguida, o FBI e a Casa Branca identificavam como fonte do hack o regime de Pyongyang, considerando um “erro” a suspensão do lançamento da comédia. Dia 24, o filme chegou finalmente aos cinemas e aos ecrãs domésticos.

“O nosso estúdio orgulha-se muito em continuar a fazer crescer o lançamento deste filme e de o tornar um sucesso. Estou muito orgulhoso das equipas que trabalharam longas horas durante as festas para tornar isto uma realidade, e também da reacção positiva do público”, disse o CEO da Sony Pictures, Michael Lynton, num email enviado aos trabalhadores da empresa e que o LA Times citava terça-feira. Nos mercados internacionais, o filme já tem data de estreia no Reino Unido, por exemplo.

Desde que se regozijaram com a suspensão dos planos de estreia do filme de Rogen e Evan Goldberg, os hackers auto-identificados como Guardians of Peace não terão feito novas ameaças – pelo menos que tenham sido tornadas públicas. Uma mensagem do início do ano que dizia que os órgãos de informação seriam os próximos alvos e que chegou a ser noticiada em alguns países revelou-se uma partida.

Entretanto, mais um ex-trabalhador do estúdio processou a Sony por negligência na protecção dos dados pessoais dos seus funcionários (os hackers libertaram na Internet informações sensíveis e pessoais de muitos empregados da major). Este é o sétimo processo de ex-funcionários que visa o estúdio desde que o ataque informático começou, a 24 de Novembro.

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