Amalric e os cineastas do lado

Um exercício com menos vida e menos vertigem do que se esperaria do cineasta de Tournée. A trilhar caminhos ocupados. Por Truffaut, por exemplo.

Foto

Mathieu Amalric continua a tactear a sua fantasia, as mulheres que o devoram, neste caso a amante (personagem interpretada por Léa Drucker, que é a sua companheira na vida).

Ficam dois cadáveres no caminho, o da esposa dele e o do marido dela. O Quarto Azul é uma longa-metragem ameaçada pelo fantasma da curta. Não porque dure apenas uma hora e quinze minutos, mas porque parece estar feita antes de se fazer. Como se se limitasse a fechar o redondo círculo que foi desenhado.

Pelo contrário, havia uma opulência na forma como Tournée se abria generosamente à fuga. (Por isso se falou de A Morte de um Apostador Chinês, de Cassavetes, menos como referência ou citação e mais por aquela forma de alguém se meter com a sua própria perda.) E O Quarto Azul trilha caminhos ocupados. É Truffaut, não o de La Chambre Verte, mas o de A Mulher do Lado ou Finalmente Domingo! - Léa Drucker tem uma temperatura devoradora que evoca a Fanny Ardant com que Truffaut fantasiou nesses filmes. É um exercício com menos vida do que se esperaria do realizador de Tournée.

Sugerir correcção
Comentar