Álbum de Amália reúne gravações do início dos anos 1950

Na segunda-feira é editado um duplo CD de Amália Rodrigues com inéditos e raridades da década de 1950.

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O duplo CD Amália no Chiado, que reúne gravações da fadista do início da década de 1950, "antes das efectuadas em Abbey Road", em Londres, é editado nesta segunda-feira, disse o coordenador da edição, Frederico Santiago.

A edição discográfica reúne 46 temas, dos quais sobressaem o inédito Fado lamentos, com letra e música da própria Amália, e um excerto do Fado Hilário, com letra e música atribuída a Hilário, cantor de Coimbra, natural de Viseu, que foi amigo, entre outros, do poeta João de Deus.

Referindo-se ao Fado lamentos, Frederico Santiago afirmou que foi possível atribuir a autoria graças ao investigador Vítor Pavão dos Santos, "que se lembrava de o ter visto no cinema, da série de complementos realizados por Augusto Fraga", cujas imagens se perderam, mas o som existe no Arquivo Nacional das Imagens em Movimento, e foi encontrado, durante a investigação feita, um prospeto anunciando o filme que se exibia na época, e como complemento este fado, atribuindo a autoria a Amália Rodrigues".

"Esta gravação do Chiado foi feita durante um ensaio e Amália não voltou a gravá-lo. Já o Fado Hilário, Amália gravou-o em 1952, em Abbey Road, mas com outra letra", rematou.

Das gravações agora disponíveis em CD, consta a única conhecida da canção La vie en rose, de Edith Piaf, com quem Amália partilhou cartaz em Nova Iorque, ao lado de Marlene Dietrich. O CD inclui também parte do ensaio que antecedeu a gravação desta canção.

Outra raridade é a única gravação de A minha canção é saudade, numa melodia de Franklin Godinho. Amália gravou estes mesmos versos, posteriormente, com uma melodia de Frederico de Brito.

Gravações únicas há várias neste CD, algumas em espanhol, como Dolores, la petenera e Tres palabras.

Este duplo CD faz parte de um projecto de sistematização da obra de Amália, que o investigador Frederico Santiago tem estado a levar a cabo. As gravações agora editadas em CD, algumas pela primeira vez, realizaram-se numa sala no segundo piso da antiga loja da empresa discográfica Valentim de Carvalho, na Rua Nova do Almada, em Lisboa (destruída no incêndio do Chiado de 1988), entre 1951, antes das gravações nos estúdios londrinos de Abbey Road em 1952 e 1953.

O coordenador da edição afirmou que "todas as gravações foram recuperadas a partir das bobinas originais e, no seu restauro, não foram usados processos extremos que afectassem a transparência musical, mesmo ouvindo-se algumas imperfeições inerentes aos mais de 60 anos passados desde a data de gravação, provenientes da bobine. Daí ter-se optado por manter um volume geral que não obrigasse a nenhuma compressão e não potenciasse as distorções existentes nas bobinas originais".

 

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