Albert Ramos, o outro esquerdino espanhol

Catalão chega aos quartos-de-final de Roland Garros graças a uma grande vitória sobre Milos Raonic.

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Albert Ramos durante o encontro com Milos Raonic Pascal Rossignol/Reuters

Desistências, maus dias e outros de grande inspiração permitem que alguns nomes menos conhecidos avancem nos quadros principais dos torneios do Grand Slam. As revelações desta edição do torneio de Roland Garros são o espanhol Albert Ramos-Vinolas e a norte-americana Shelby Rogers, que garantiram, neste sábado, a sua estreia nos quartos-de-final de um major, depois de vencerem sem perder um set.

Pelo 20.º ano consecutivo, a Espanha vai ter um representante nos quartos-de-final de Roland Garros, mas, desde 2008 (Nicolás Almagro), que não tinha um estreante – Roberto Bautista Agut e Marcel Granollers ainda se lhe podem juntar. O improvável Ramos, esquerdino como o compatriota Rafael Nadal, chegou a Paris fora do top 50, com somente uma final do ATP World Tour disputada (e perdida, em 2012) e com apenas quatro encontros ganhos em Roland Garros, tendo perdido na ronda inicial nas sete últimas edições. Mas o espanhol nascido há 28 anos em Barcelona e membro do top 100 há cinco, contrariou todas as previsões, ao eliminar Milos Raonic (9.º), por 6-2, 6-4 e 6-4, e ao somar a sua segunda vitória sobre um top 10 em 23 duelos e a primeira sobre um top 30 num Grand Slam.

As condições chuvosas (e lentas) que neste sábado se sentiram em Paris, também não beneficiaram os grandes servidores, como é o caso de Raonic, treinado pelo espanhol Carlos Moya, ex-número um mundial e campeão de Roland Garros, em 1998 – na época de relva, o canadiano vai ser igualmente aconselhado por John McEnroe – e o catalão aproveitou para impor o seu ritmo.

“Respondi bem, em especial no segundo serviço, e bati em todas as bolas com um objectivo. Tenho vindo há muito tempo a trabalhar para tentar encontrar uma forma de ganhar mais encontros. Acho que este ano, aqui, está a compensar. É como um presente para mim, pois não estava à espera”, revelou Ramos, que tem garantida a subida do 55.º para cerca do 32.º lugar, ultrapassando a sua melhor classificação de sempre (38.º). Nos "quartos", Ramos defronta o campeão em título, Stan Wawrinka (4.º), vencedor do sérvio Viktor Troicki (58.º), por 7-6 (7/5), 6-7 (7/9), 6-3 e 6-2.

Richard Gasquet (12.º), treinado pelo espanhol Sergi Bruguera, campeão em Roland Garros em 1993 e 1994, também teve de esperar para se estrear nos quartos-de-final, 15 anos depois da sua primeira presença em Roland Garros. Mas o francês soube aproveitar da melhor forma o apoio do público compatriota para derrotar Kei Nishikori (6.º), por 6-4, 6-2, 4-6 e 6-2.

Já Andy Murray (2.º) está nos "quartos" pela 20.ª vez nos últimos 21 Grand Slams, depois de vencer John Isner (17.º), por 7-6 (11/9), 6-4 e 6-3, indo agora defrontar Gasquet.

No torneio feminino, Shelby Rogers (108.ª) é a nona jogadora fora do top 100 a ir tão longe em Roland Garros desde 1983. A norte-americana de 24 anos cresceu no Family Circle Tennis Center, em Charleston, onde existem mais courts de terra batida (verde) do que hardcourts, e, em Fevereiro, no Rio de Janeiro, tinha jogado a sua primeira final do WTA Tour. Mas os três encontros ganhos nos derradeiros quatro eventos não faziam adivinhar a vitória sobre a mais experiente Irina-Camelia Begu (28.ª), por 6-3, 6-4. As emoções só apareceram no fim, quando lhe perguntaram se tinha imaginado tal percurso. “Sempre sonhei, mas não pensei que alguma vez poderia”, disse Rogers, antes de se lhe embargar a voz e as lágrimas aparecerem.

Agora, tem pela frente Garbine Muguruza (4.ª) que se qualificou para os "quartos" pelo terceiro ano consecutivo, após dominar a campeã de 2009, Svetlana Kuznetsova (15.º), por 6-3, 6-4.

A chuva reapareceu no final do dia, adiando a conclusão dos duelos Simona Halep-Samantha Stosur (5-3 aquando da interrupção) e Agnieszka Radwanska-Tsvetana Pironkova (6-2, 3-0).

No torneio júnior, o único representante português, Duarte Vale (54.º no ranking mundial), cedeu na ronda inicial ao norte-americano Ulises Blanch (3.º), com um duplo 6-2.

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