A vida aventurosa de Myriam Anissimov

A escritora, cantora, actriz, jornalista que vive na sombra dos homens que biografou: Primo Levi, Romain Gary, Vasily Grossman.

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És como eu, não consegues ganhar a vida a trabalhar.” Quando Myriam era ainda muito nova e o jovem namorado Patrick Modiano lhe disse aquilo, ela quis acreditar. Era uma frase que ia contra tudo o que a mãe lhe ensinara. Vida certa. Dinheiro certo. Mas a mãe ensinara-lhe também que a verdade vinha antes de tudo e a verdade é que ela não sentia o mínimo talento para ser “funcionária de alguém”. Achava que “podia ser qualquer coisa especial”. Foi por intuir isso que um dia, tinha 22 anos, fez a mala, pôs lá dentro um livro de Schopenhauer e outro de Thomas Bernhard e apanhou o comboio para Paris, deixando a “hostil e obscura” Lyon, à procura “de um outro mundo de que não fazia a mínima ideia”. 
Myriam, a rapariga que “dormia com os homens sem sentir qualquer amor”, sonhava amar. “Queria amar como Mathilde de La Mole amava Julien Sorel. Como Catherine Earnshaw amava Heathcliff. Como Anna Karenina amava Vronsky.” Naquele comboio ainda não podia saber, mas seria cantora, actriz, jornalista, fotógrafa, escritora e biógrafa de Primo Levi, Romain Gary e Vasily Grossman.

Fala dessa viagem inicial com um misto de admiração pela rapariga e ternura pela ingenuidade. “A minha vida é a literatura, com amor e música”, diz agora, 72 anos em Junho, voz rouca irreconhecível para quem a puder ouvir cantar nas gravações que existem, com vinte e poucos anos, poemas de Albertine Sarrazin ou os que Modiano escreveu para ela quando andavam ambos pelas ruas de Paris e a mãe a ia vendo na televisão e se admirava, perguntando-lhe ao telefone quanto lhe pagavam por isso. “Ela tinha medo e tinha razão. Eu era uma rapariga muito nova sem um tostão numa cidade que não conhecia.”

Ri. As mãos sobre os joelhos, os ombros encolhidos, os olhos quase fechados. O rosto não revela o cansaço de um dia longo. São nove da noite em Lisboa. Já deu quatro entrevistas e teve uma conversa para uma audiência no Cinema S. Jorge, onde abriu a Judaica — Mostra de Cinema e Cultura. Em nenhum caso para falar dela. Esteve em Lisboa para falar de Romain Gary (1914-1980), o escritor francês que fica para a história como o único a vencer duas vezes o prémio Goncourt. Algo só possível porque um dos livros vencedores foi assinado com pseudónimo e a identidade descoberta quando era tarde de mais para lhe ser retirado. Gary era judeu como ela, escritor como ela e um dia pediu-a em casamento. Ela não sabia ainda quase nada da vida dele, a não ser que era mulherengo e bom escritor. Ela era uma miúda e ele “um senhor”.

Não conheceu os outros dois homens que biografou. Também judeus, como ela. Primo Levi e Vasily Grossman. Perante estes três nomes — Primo Levi, Grossman e Gary —, a assinatura da biógrafa fica na sombra. Poucos saberão que Myriam Anissimov teve uma juventude tão venturosa. “Quando se anda a mexer na vida de escritores como estes, quem quer saber da nossa?”, continua, misto de desafio e humildade, sem se escusar a perguntas, mas dizendo que está tudo no seu livro Jours Nocturnes (2014, Éditions du Seuil), uma elaboração ficcionada sobre factos reais na qual a escritora narra, sem pudor nem vestígio dos seus complexos de miúda, uma “exigência tumultuosa” onde conheceu quase toda a gente por acaso. “Uma aventura”, sintetiza.

O livro é uma espécie de ajuste de contas com a mãe, Bella Frocht, uma grande leitora de clássicos, dogmática, que lhe recitava a doxa estalinista e a privou do mínimo sentido de “defesa contra a hostilidade, a brutalidade do mundo”. Sentia que isso a colocava num “estado de inferioridade face a todos os que mentem elegantemente”, escreve nessa autobiografia ficcionada, onde, ao contrário do que acontece nesta conversa, os protagonistas nunca aparecem com os verdadeiros nomes. As contas com a mãe estão acertadas, concede. Amaram-se e odiaram-se em doses iguais, numa relação agora pacificada. Chama-lhe petite Maman. “Ela está velhinha. Tem 90 anos. Voo daqui para Toulouse e sigo para o campo para estar com ela. Só depois volto a Paris.”

Myriam vive na cidade onde sempre quis estar, onde nunca sentiu que não era bem-vinda por ser judia, como aconteceu em Lyon era ela adolescente. Alguém lhe disse que não queriam ali “israelitas”.

Poemas para cantar

Os pais conseguiram escapar à Shoah. Myriam, romancista, escritora, jornalista, ex-actriz, ex-cantora em discos e cabarets, a rapariga que um dia quis ser fotógrafa mas cedo percebeu que não tinha grande talento para isso nasceu em 1943 com o apelido Frydman num campo de refugiados judeus em Sierre, na Suíça. O pai, judeu de origem polaca, era alfaiate e escritor de língua yidish. “Acho que nasceu daí a minha vontade de escrever”, diz. E ainda a sua identidade: “Sou uma escritora yidish de língua francesa.”

Quando chegou a Paris, levava um manuscrito muito incipiente e vontade de se revelar talentosa em alguma coisa. “As coisas foram-me acontecendo sem eu saber muito bem porquê”, conta, talvez por andar muito pela rua e Paris naquela altura ser uma cidade aberta. “Paz e amor, está a ver.” O livro fala desses encontros, sucessão de gente a passar, mais ou menos demorados. “Ficávamos em casa uns dos outros.” Ela tinha um pequeno estúdio, só com uma cama, mais nenhum móvel.

Foi num desses casos que conheceu o actual Nobel francês, Patrick Modiano (n. 1945). “Foi ele a primeira pessoa a dizer que eu tinha talento como escritora e a mandar-me continuar”, conta sem pressa, divertida com detalhes. “A mãe dele era uma ex-cantora de boulevards e viviam numa casa muito grande, com grandes janelas. Ele tinha publicado um romance [La Place de l’Étoile, 1968] e escrevia letras de canções para ganhar a vida. Quando ele viu o meu manuscrito, levou-me a casa de uma mulher que fazia trabalhos como secretária. Tinha sido secretária de um Presidente da República e vivia num velho apartamento em ruínas com a irmã. Quando abriu a porta, foi um susto. Ela tinha barba, um cigarro na boca, vestia um roupão e, à volta da cintura, uma espécie de saia feita com tecido grosseiro de roupa de homem. Era um monstro. Viu-nos e começou com uma fúria nervosa. Que ele tinha de casar comigo. O Patrick disse: ‘A minha amiga tem aqui um manuscrito que queria que passasse à máquina.’ Eu não tinha nenhuma experiência. Escrevia à mão. Mais tarde, ela disse que aquilo era muito sexual e eu achei estranho porque em nenhuma daquelas passagens havia sexo.” 

O manuscrito seria ainda muito elaborado. “Eu não fazia a mínima ideia de como se trabalhava um texto”, admite. Um “feroz” crítico literário achou-a capaz de ser escritora e ia-lhe dando dicas, prazos para cumprir. O romance, Comment va Rachel, saiu em 1973, seis anos depois de se instalar definitivamente em Paris. Já tinha dado provas como actriz em palcos de teatro experimental, e também como cantora. Modiano, que no livro aparece com o nome de Arturo, “testa alta”, “a graça de Amedeo Clemente Modigliani”, um coleccionador de papéis e todo o tipo de arquivos, dera-lhe poemas para cantar.

Eram amigos, namorados, partilhavam os dias e as noites mais boémias da cidade. Mas o primeiro grande encontro literário foi com Albertine Sarrazin, a escritora de origem argelina, transgressora, várias vezes presa por roubo e desacatos, vítima de abusos sexuais, que morreu em 1967 aos 29 anos. Os livros de Sarrazin têm muito de autobiográfico. “Conheci-a pouco depois de ela sair da prisão. Ela tinha mais uns seis ou sete anos do que eu e sentia-me fascinada por aquela rapariga rebelde que escrevia coisas muito bonitas, que tinha estado presa e contava isso. Quando cheguei ao teatro pela primeira vez e me perguntaram que texto queria dizer, escolhi um dela [La Traversière, 1966]. Fui escolhida e fiquei incrédula”, conta, mais uma vez indo aos pormenores. 

Descreve-se na época. Pequena, magra, cabelos compridos. “Acho que era bonita.” Escreveu então uma carta a Albertine Sarrazin e ela respondeu. “Quem és tu?”, perguntou-lhe. “Disse-lhe que gostava que ela me escrevesse uma canção. Marcou-me um encontro num café em Paris. Esperaria um quarto de hora por mim, não mais. Era na Rue de Seine, no Boulevard Saint-Germain. Tinha uns olhos incríveis, muito inteligente. Falámos cinco minutos e levou-me ao hotel onde estava com o marido. Deu-me dois poemas para fazer o que quisesse com eles.”

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No hotel com Leonard Cohen

Foi um dos muitos encontros felizes. Como o que aconteceu com a professora de canto, uma vienense que conseguiu fugir de Auschwitz. Deu-lhe aulas de graça e no fim disse-lhe que nunca mais a queria ver se não passasse na audição. “Cantei as canções de Albertine Sarrazin e de coisas que eu tinha escrito e disseram-me que eu iria fazer um disco. E foi assim.” O poema Que nous faisait cette vie, de Albertine Sarrazin, ganhava a voz de Myriam, que deixara para sempre o apelido Frydman (um dos produtores achava-o demasiado judeu e ela trocou-o por um dos primeiros que encontrou numa consulta a uma lista telefónica: Anissimov). Houve mais poemas de Albertine ditos por Myriam, que continuava no teatro e a ter outros acasos felizes. Interpretava uma peça de Tchékhov, naquele que era o seu primeiro papel a sério, quando uma “senhora” foi ter com ela, gostavam que ela aceitasse entrar no elenco de um filme. Visconti estava a adaptar Em Busca do Tempo Perdido. ‘Ela disse-me: ‘Tu serás a Albertine’.” Albertine é uma das personagens centrais da obra de Proust que ganha relevo em A Fugitiva, o sexto volume. “Parecia-me inacreditável!”

O filme não chegou a acontecer. As exigências de Visconti eram pouco reais. Um exemplo: em Deauville, na Normandia, um dos cenários onde seriam filmadas as cenas do Hotel Cabourg, o realizador pediu para serem retiradas todas as antenas e cabos eléctricos visíveis, para replicar ao máximo o tempo do livro. Myriam não foi Albertine, mas viveu muitas personagens no teatro até a literatura ganhar protagonismo. 

Os escritores rodeavam-na ou ela rodeava-se deles. Conta o encontro com Albert Cossery (1913-2008), que escrevia uma frase por dia e publicou oito romances marcantes em 60 anos de carreira onde escarneceu brilhantemente dos judeus. Conta ainda o encontro com Arthur Adamov (1908-1970), dramaturgo, um dos grandes nomes do Teatro do Absurdo, e como conheceu Leonard Cohen. Foi por causa de um poema. É que na vida de Anissimov havia a música, sim, mas antes de tudo a literatura. “Eu tinha tido uma reunião com o director do Olympia, outro acaso que me aconteceu, para agendar umas gravações. E ele perguntou se eu queria ver o espectáculo à noite; que lhe ligasse mais tarde a pedir o bilhete. Ouvi umas coisas para me situar e dei com Leonard Cohen a cantar, a dizer o poema The Partisan [uma canção sobre a resistência francesa escrita em 1943]. Fiquei emocionada e nessa altura dizem-me que já não é possível arranjar lugar, que o Presidente Giscard d’Estaing ia assistir e levava uma grande comitiva. Fiquei desolada. Aceitaram que eu aparecesse e pelo menos nos bastidores ficaria. O Cohen passou por mim, cumprimentou-me. Cantou. Houve uma ovação, ele sai de cena, vê-me e diz, ‘olha esta menina bonita’ e abraça-me e fomos abraçados, atravessámos a barreira policial, entrámos num Rolls Royce e fiquei uma semana no hotel com ele. Toda a minha vida é feita de episódios absolutamente improváveis.”
 
Entre o romance e a biografia

Estávamos em meados da década de 1970, havia um segundo romance, Le Resquise (1975),  já havia uma marca. Desde o início que Anissimov levava para a sua literatura as inquietações das mulheres judias do pós-Holocausto. Como conciliar emoções, sexualidade, continuar individualmente após o trauma colectivo. À medida que os livros vão saindo, as suas personagens femininas vão-se tornando mais independentes. Rue de nuit, 1977; L’Homme rouge des tuileries, 1979; Le Marida, 1982; Le Bal des puces, 1985; La Soie et les Cendres, 1989. 

Os cinco anos seguintes serão diferentes. Tinha acabado de publicar um romance e queria escrever outros quando a editora lhe propõe que escreva uma biografia. Oferecem-lhe um avanço irrecusável. “O cheque que a Gallimard me pôs à frente dava para eu viver dois anos. E era só um adiantamento.” Escolheu escrever sobre Primo Levi (1919-1987), o escritor que sobrevivera a Auschwitz e quisera pôr a vida num livro Se É Isto Um Homem (ed. D. Quixote). Foram cinco anos de pesquisa e escrita e uma nova aprendizagem para quem estava já familiarizada com o jornalismo. Escrevia para a Géo, e mais tarde passou a colaborar com o Nouvelle Observateur, com revistas e jornais literários. É assim que, em 1996, sai Primo Levi ou la tragédie d’un optimiste. A crítica foi unânime em louvar a biografia. E em 2004 era publicado Romain Gary, le caméléon. Entre as duas biografias, saíram dois romances: Dans la plus stricte intimité, 1998 e Sa Majesté la Mort, 1999. Vie et mort de Samuel Rozowski, Denoël é publicado em 2007 e passam-se outra vez cinco anos até outra biografia: Vasily Grossman: Un écrivaint de combat, em 2012.

Até que ponto há contágio entre romance e a escrita biográfica? “Como personagens reais, esses homens não tiveram qualquer influência nos meus romances. Mas a sua escrita sim. Especialmente Levi, tão lógico, tão claro, tão inteligente, cheio de um humor requintado. Eles podem no entanto aparecer como personagens numa ficção”, afirma. É o caso de Gary, que conheceu em 1977, já ele tinha dois Goncourts. O primeiro em 1956, com As Raízes do Céu (agora publicado em Portugal pela Sextante) e o segundo em 1975, com Uma Vida à Sua Frente (também Sextante, em 2011), assinado com o pseudónimo Émile Ajar. Gary será central no próximo romance de Anissimov, um livro sobre “dois homens mais velhos e famosos que eu conheci quando era, digamos, uma jovem atraente. Teriam exactamente a idade do meu pai se ele estivesse vivo. Eram ambos famosos e muito fascinantes. O segundo era um célebre maestro”, adianta, agora sem dizer o nome.

Na sua ficção, como nas biografias, a linguagem de Anissimov está sempre próxima da poesia. Essa marca atenua-se quando há uma vida real para contar. “Pois é. Isso é porque a proposta de um romance passa pela música, a composição, uma estrutura que permita sentir o tempo voar. Nas biografias tento ser mais exacta, mas só a matemática, a ciência, é objectiva. A objectividade na pintura, na música e na literatura está na coerência da harmonia universal, do mundo expresso de um modo diferente da ciência.” Daqui conclui que escrever uma biografia é escrever um romance com enorme contenção. “Temos de nos restringir apenas ao material recolhido, aos factos.” Nunca se sabem todos, “é impossível conhecer completamente a vida de alguém. Por isso, biografar é uma constante ilusão, uma espécie de síntese entre ciência e literatura”.

Volta aos detalhes. É neles que se encontra a essência. É corriqueiro dizer isto, “mas é isso mesmo”. É o biógrafo nas suas limitações. Porque a família pede que não se revele algo, porque há segredos. “Sobre sexo, dinheiro, traições.” Dá um exemplo. “O filho de Gary pediu-me para não contar algumas coisas muito tristes sobre a sua mãe. Achei que devia respeitar; isso iria fazê-lo sofrer e ele queria manter a memória da mãe.” Algo semelhante aconteceu com Vasily Grossman. “Fedor, o seu enteado, não me quis dar as cartas que Grossman enviou ao seu último amor, Ekaterina Zablotskaya. Ele deixou a sua mulher durante dois anos para ir viver com Zablotskaya. O Fedor aceitou falar sobre isso, contar a história, mas sem mostrar as cartas que eram muito emotivas e eróticas. Contou-me que as duas mulheres estavam ao pé dele no hospital quando morreu de cancro, em 1964, com 59 anos. Mas as cartas eram outro assunto.”

Nos romances de Myriam, pelo contrário, não há limitações, “mesmo que as pessoas se zanguem”. “Sinto-me absolutamente livre.” A memória ficcionada que escreveu é um exemplo disso. Os nomes não estão lá, mas quem viveu aquele tempo no mesmo espaço que ela reconhece-se. Quem leu sobre esse tempo nesse espaço sabe também quem são os protagonistas. Como se Myriam fosse uma das mulheres que inventou para os seus livros e se libertasse daquela timidez inicial, a do complexo incutido pela mãe. “Ela fez-me complexada”, insiste. 

Em Lyon, tinha tirado um curso de fotografia e foi fotografando quase sempre. Tirou fotos em reportagens que fez em Nova Iorque, mas pede: “Pode chamar-me cantora, actriz, jornalista, escritora, sei lá, mas não sou fotógrafa”, ri outra vez. E não faz uma pausa entre este raciocínio e o tema seguinte. É que ela podia continuar a falar, encadeando histórias, pessoas, lugares de forma tão entusiasmante como o faz nas biografias que escreveu, como se estivesse lá e é capaz de levar quem a lê e ouve a cada sítio, ao íntimo de cada pessoa. Fala do pai. Foi dele que veio a tal verdade, o impulso que ele lhe deu para a escrita, os amigos que iam lá a casa falar de literatura, o avô que lia Espinosa, a mãe que lê em alemão, mas sobretudo a descoberta que fez a partir dos 14 anos, o que era a verdadeira literatura. “A admiração por um autor ou por um livro não é a mesma quando se tem 17 anos, 30 anos, 50 e mais.” Há no entanto as referências, os que foram e continuam a ser decisivos: Blaise Cendrars, Apollinaire, Flaubert, Stendhal, Kafka, Soma Morgenstern, David Shahar, Aharon Appelfeld, Joseph Brodsky, Angel Wagenstein, Proust — “um génio” — e claro Thomas Bernhard. “Acho que ele é um dos mais importantes escritores europeus do século XX. Inventou uma nova linguagem.”

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