A terceira mão

É caríssimo mandar um livro pelo correio. Parece que os correios nacionais nos querem empurrar para a Amazon.

Dos 7 aos 30 anos percorria duas ou três vezes por semana as livrarias e, sobretudo, os alfarrabistas de Lisboa. Procurando, sobretudo, livros de língua inglesa - que eram poucos - facilmente conseguia conhecer todos os que havia à venda em Lisboa.

Hoje, com a abe.books e o marketplace da Amazon, os livros em segunda mão nunca foram tão fáceis de encontrar e, por causa da concorrência ser aberta, tão baratos.

O que mais custa são os portes de correio. São muitos os alfarrabistas que vendem cada livro por um cêntimo e depois cobram os 5 ou 6 euros que pagam no correio.

Eu tento comprar muitos livros de um mesmo vendedor, para que não paguem tanto, mas a grande maioria, empobrecida, continua a cobrar por cada livro, sem partilhar a poupança postal com o cliente.

É caríssimo mandar um livro pelo correio. Parece que os correios nacionais nos querem empurrar para a Amazon, que facilmente arranja maneiras de entregar os livros (novos) por muito menos.

Hoje, por exemplo, recebi um livro da Art Books Mostly (ABM), um excelente livreiro irlandês com uma reputação de 100% na Amazon. Novo, em 1983, custava 3,95 libras esterlinas. Hoje, em bom estado, custou 3,75 euros.

Para mandá-lo a ABM pagou 5,80 euros. É obsceno ser mais do que o livro custou. Para mais, vinha soberbamente embalado, apesar de o livro não merecer tanto cuidado. Não podem os correios arranjar um preço em conta para os livros baratos em segunda mão? É que estamos no mesmo barco...

Sugerir correcção
Comentar