A sexta-feira vai passar a ser o dia da música nova

Federação Internacional da Indústria Fonográfica unifica dia de lançamento dos novos discos a partir de 10 de Julho.

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Nuno Ferreira Santos

O próximo dia 10 de Julho vai marcar o início da unificação do dia semanal das edições discográficas em todo o mundo, ou quase, que a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI) decidiu que passará a ser à sexta-feira.

A medida, lançada com o slogan Música Nova às Sextas (New Music Fridays), foi anunciada esta quinta-feira pela instituição com sede em Londres, e é também assumida também pela Associação Fonográfica Portuguesa (AFP). Visa facilitar o negócio no sector da indústria musical, dificultar a pirataria e satisfazer os fãs em todo o mundo, diz a IFPI num comunicado citado pelas agências de informação.

“Fazer sair os discos no mesmo dia reflecte melhor as realidades do sector”, justifica Glen Barros, presidente da casa de discos Concord Music Group (que representa nomes como Paul McCartney ou Paul Simon), citado pela AFP.

No comunicado em que divulga a nova medida da federação internacional, a AFP diz que ela “implica que os fãs vão poder ter assim acesso aos temas acabados de lançar no mesmo dia em todo o mundo, em vez de terem que esperar pelo dia do lançamento oficial no seu país”.

Em declarações ao PÚBLICO, Gonçalo Lopes, adjunto da direcção da AFP, explica que nos 45 países que agora acordaram na unificação dos lançamentos discográficos, “as novas músicas vão estar disponíveis no primeiro minuto dessa sexta-feira, e assim acessíveis, via internet, aos fãs de todo o mundo”.

A unificação dos lançamentos fora já anunciada pelo IFPI no passado mês de Fevereiro, altura em que a federação iniciou um processo de negociações que envolveu editoras, distribuidores, comerciantes e artistas de mais de 45 países, representados por meia dúzia de associações internacionais.

Actualmente há já 11 países – entre os quais a Alemanha e a Austrália – em que os lançamentos discográficos acontecem à sexta-feira. Outros fazem-nos noutros dias da semana: à segunda-feira, Portugal, França e Reino Unido; à terça, os Estados Unidos e o Canadá; à quarta, o Japão…

Além de uma melhor satisfação da expectativa dos fãs, há também a convicção, no seio da indústria discográfica, de que as edições distribuídas por diferentes dias da semana têm facilitado a pirataria.

Outra razão avocada em favor da escolha da sexta-feira para a edição de novos discos – seja em CD ou vinil, downloads ou streaming através da internet – é a proximidade com o fim-de-semana, que poderá potenciar as vendas.

“Esta mudança significa naturalmente um desafio, e vai exigir uma grande adaptação, mas vai beneficiar os consumidores e, a longo prazo, todos viremos a ganhar”, diz, optimista, Glen Barros, no comunicado da IFPI.

É uma justificação que, no entanto, tem merecido reservas e crítica em alguns sectores da indústria, nomeadamente – diz a AFP –, junto de lojas independentes nos EUA, que consideram a decisão da FIIF um "diktat" inaceitável.

Eric Levin, proprietário da Criminal Records, em Atlanta, diz que vai continuar a lançar os seus discos quando eles ficarem prontos, e não pensa mobilizar os seus quadros de pessoal para trabalhar ao fim-de-semana. “Como proprietário de uma loja que negoceia em discos há 35 anos, nunca vi o sector a cometer uma asneira tão grande”, disse Levin à AFP.

Mas há também excepções à regra da sexta-feira que foram assumidas e aceites pela IFPI. É o que acontece, por exemplo, no Japão, que vai continuar a manter a quarta-feira como dia de lançamento dos novos discos. O mesmo deverá acontecer com outros países da Ásia, que não vão, no imediato, integrar este movimento da Música Nova às Sextas.

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