A segunda vida do FITEI começa esta quarta-feira no Porto

O novo director do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, Gonçalo Amorim, apresentou esta quarta-feira a programação do FITEI 2015, que dá visibilidade à nova geração de criadores portugueses, a que resiste no país e a que se espalhou pelo mundo

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Um Museu Vivo de Memórias Pequenas e Esquecidas, do Teatro do Vestido DR

Com uma programação focada no trabalho da geração de encenadores e actores nascida nos anos 70, o FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica inicia esta quarta-feira no Porto a sua 38.ª edição, que é também uma espécie de edição experimental, já que o objectivo, assume o seu novo director artístico, Gonçalo Amorim, é “partir da estaca zero, ainda que sem voltar as costas ao que tem de mais forte a história do FITEI”.

O encenador falava esta manhã de quarta-feira na conferência de imprensa de apresentação do FITEI 2015, e o facto de esta ter sido marcada para o próprio dia de abertura do festival dá bem ideia das dificuldades que Gonçalo Amorim e a sua equipa terão tido de ultrapassar para conseguir montar em tempo recorde uma programação invulgarmente extensa, que durante três semanas se espalhará por uma dezena e meia de espaços, bastante ao gosto dessa “cidade líquida” que se tornou uma divisa do vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva.  

Gonçalo Amorim já mostrara no Teatro Experimental do Porto (TEP), cuja direcção artística acumula com a do FITEI, uma vocação para reabilitar estruturas culturais que foram relevantes na história cultural do Porto, mas que se encontravam em fase declinante. E sabe que, também no FITEI, só ganhará o desafio, como hoje explicou, se conseguir que o festival “ganhe um apoio geracional e uma massa crítica que lhe permita durar muitos mais anos”.

O FITEI abre esta quarta-feira com o concerto Canções de Pontaria, de Rui David e do Projecto Alarme (Teatro Helena Sá e Costa, às 19h30), e com uma actuação de rua da companhia brasileira Andaime, às 21h30, no largo fronteiro à Estação de S. Bento, mas este festival não tem propriamente espectáculo de abertura ou de encerramento. Em contrapartida, propõe um “espectáculo de epicentro” no dia 11 de Junho: Um Museu Vivo de Memórias Pequenas e Esquecidas, da companhia Teatro do Vestido, que na sua indagação da memória recente do país, na sua ostensiva dimensão política e no seu formato pouco convencional – dura 4 horas e meia e inclui uma ceia e um debate final com um historiador –, ilustra bem algumas das linhas dominantes desta programação.

Tropa Fandanga, do Teatro Praga, Hamlet, da Mala Voadora, ou Três Dedos Abaixo do Joelho, da Mundo Perfeito, são alguns dos muitos outros espectáculos a que o Porto irá poder assistir até 21 de Junho, mas a programação não se resume ao teatro e inclui concertos, exposições, workshops e residências artísticas.

Uma das principais originalidades desta edição é o ciclo Expatriados, uma espécie de festival dentro do festival, que dá a ver o trabalho de criadores que se radicaram no estrangeiro e aí desenvolvem os seus projectos. O FITEI convidou sete artistas portugueses, vindos de países europeus como a França, a Inglaterra e a Alemanha, mas também dos Estados Unidos ou do Japão, e ainda a encenadora brasileira Joana Levi e a criadora francesa Marianne Baillot, cujos projectos cruzam a dança com o teatro e a performance.

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