A noite em que o Rivoli voltou a dançar

A Companhia Nacional de Bailado inaugurou esta sexta-feira, com uma peça de Anne Teresa de Keersmaeker, o programa O Rivoli Já Dança!, que marcou a reabertura do Rivoli como teatro municipal. O público lotou a sala e, no final, aplaudiu de pé durante largos minutos.

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Paulo Pimenta
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Quando o espectáculo inaugural do programa O Rivoli Já Dança!Mozart Concert Arias, da coreógrafa belga Anne Teresa de Keersmaeker – chegou ao fim, esta sexta-feira à noite, a Companhia Nacional de Bailado (CNB) foi aplaudida de pé durante longos minutos. Sem nenhum demérito para a CNB, não é de excluir que algumas dessas palmas invulgarmente prolongadas saudassem também a devolução simbólica do Rivoli à cidade, sete anos após a entrega da sala à empresa de Filipe La Féria.

«Acho que foi um bocadinho as duas coisas”, admitiu o vereador da Cultura da Câmara do Porto, Paulo Cunha e Silva, cujo pelouro foi directamente responsável pela programação dos 12 espectáculos de O Rivoli Já Dança!, um aperitivo bastante substancial a anteceder a temporada que se iniciará em Janeiro de 2015, já desenhada pelo novo director artístico, Tiago Guedes.

“Quando as portas do Rivoli se abriram, sentiu-se que aquele lado um bocadinho soturno e traumático associado a este equipamento tinha desaparecido e que as pessoas entravam aqui com o encantamento doutros tempos”, resumiu Paulo Cunha e Silva.

Entre essas pessoas que ontem à noite esgotaram a lotação da sala, contava-se o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, e muita gente dos meios portuenses da dança, da música  e do teatro. O director artístico da Casa da Música, António Jorge Pacheco, mal transpôs a porta de entrada, afirmou: “O Rivoli finalmente devolvido à cidade”.

Cunha e Silva quis dedicar expressamente este ciclo de espectáculos, que marca o regresso do Rivoli à condição de teatro municipal, a Isabel Alves Costa, que o dirigiu até o então presidente da autarquia Rui Rio ter extinguido a Culturporto e entregado a sala a privados. “Quisemos com este momento prestar uma justíssima homenagem a uma pessoa que se bateu por um teatro municipal capaz de cumprir a sua vocação mais nobre: Isabel Alves Costa, que nos deixou há precisamente cinco anos”, escreve o vereador da Cultura na agenda editada para acompanhar o programa.

Também Tiago Guedes, que quando assumiu o lugar manifestara a convicção de que iria ser uma luta difícil recuperar os públicos que o Rivoli perdera ao longo dos últimos anos, estava satisfeito com o que viu nesta reinauguração do teatro. “Ver tantas pessoas entusiasmadas em torno deste projecto é uma grande alegria e uma indicação de que as coisas poderão correr bem” e de que esta aposta na revitalização do teatro municipal “pode vir a dar frutos rapidamente”.

Passes esgotados

Mas o director do Rivoli não ignora que “mobilizar o público em volta de um projecto cultural”, sobretudo quando há “muita oferta e menos capacidade económica”, é “complicado”, de modo que quer construir uma programação que ao mesmo tempo consiga “reconquistar o público que se divorciou do Rivoli pelas razões que sabemos”, mas que também não aliene os que frequentaram o teatro nestes últimos anos. “Queremos que essas pessoas continuem a vir e se deixem seduzir pela nova programação”, diz.

Defendendo que a programação “não pode ser apresentada de forma elitista” e que “um teatro municipal tem de abranger toda a gente”, Tiago Guedes considerou que para este momento simbólico da reabertura da sala “a escolha de Mozart Concert Arias foi excelente, porque é um espectáculo mais consensual, com música ao vivo, ópera, dança”.

Centrado na dança e no modo como esta se cruza com outras práticas artísticas, mas abrangendo também outros domínios e procurando que a coerência do conjunto não inviabilize a diversidade de registos, do mais popular ao mais experimental, O Rivoli Já Dança! “dá algumas pistas”, diz Tiago Guedes, “para o que vai acontecer no próximo ano”.

E se Mozart Concert Arias, que Cunha e Silva descreve como “uma peça altamente contemporânea, mas com formato clássico, cheia de ironias sobre a própria dança”, pode agradar a públicos muito diversos, já o espectáculo que se segue, De repente fica tudo preto de gente, do coreógrafo brasileiro Marcelo Evelin, “está quase nos antípodas” do anterior, observa Tiago Guedes. “É uma peça de lotação reduzida, com o público em cima do palco”.

Foi precisamente o facto de este espectáculo, que será exibido no sábado e no domingo, não permitir mais do que 120 espectadores por sessão que levou a que só tenham sido emitidos 240 passes gerais, que dão acesso a todos os 12 espectáculos pelo preço bastante simbólico de 25 euros.

Como estes passes se esgotaram rapidamente e nenhum dos outros espectáculos previstos terá as limitações de público da peça de Marcelo Evelin, foram já lançados novos passes – agora a 20 euros –, que cobrem apenas os dez espectáculos restantes.    

Na noite de abertura, os 800 lugares do Rivoli estiveram mais ou menos equitativamente distribuídos entre portadores do passe geral, espectadores que ainda conseguiram comprar bilhete avulso e convidados. E a julgar pelas raríssimas cadeias vazias, foram muito poucos os convidados que não compareceram. Um deles foi o anterior presidente da Câmara, Rui Rio, que, segundo o PÚBLICO apurou, recebeu mesmo convite.

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