A jovem moda portuguesa levou ganga, cores frias e unissexo à Alemanha

Hugo Costa, Daniela Barros e Susana Bettencourt estrearam-se segunda-feira na plataforma Potsdam Now

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Hugo Costa Marko Berkholz
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Susana Bettencourt Marko Berkholz
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Daniela Barros h. berthold
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Cada peça de vestuário criada por um designer transmite uma linguagem – para quem a consome, para cada mercado. E em cada peça há um pouco de quem a criou. Foram estas as ideias das três colecções dos criadores de moda portugueses que inauguraram a presença do Portugal Fashion na passerelle alemã. Na véspera da abertura da semana de moda de Berlim e com vontade de subverter as ideias de género, criar novas linhas para as estações intermédias e apostar na ganga e nas cores frias para o mercado alemão.

Ao fim da tarde em Potsdam, uma cidade a 35 quilómetros de Berlim, as temperaturas quentes pouco comuns foram o palco para as peças unissexo de Hugo Costa, que apresentou a sua colecção para a Primavera/Verão 2016 no calendário da iniciativa Potsdam Now, integrada na Berlin Fashion Week desde Janeiro deste ano – a mesma plataforma que permite que Hugo Costa mas também Daniela Barros e Susana Bettencourt, com quem partilhou a passerelle, tenham as suas peças expostas num showroom esta quarta e quinta-feira.

Na estreia em desfile de Hugo Costa na cidade alemã, país onde já está representado na venda de acessórios e calçado, o designer apresentou propostas unissexo com uma “estética mais fria” nas cores e “uma abordagem de bloco” – criou para o mercado alemão e criou peças que ajustou aos corpos de homens e mulheres, como aqueles que desfilaram ao final da tarde em azul escuro e branco. “O mercado alemão é o meu mercado-tipo. Procura este tipo de estética e, por isso, pode servir como mercado piloto”, acredita. Em Individual, o designer quer derrubar a ideia de género - “Já fiz roupas para homens que mulheres me pediram, mas o que começou como uma afirmação estratégica, porque houve procura, agora é uma identidade” da marca, explica.  
Mas assume a criação como identidade e não tanto como estratégia comercial. “Quando compras uma peça da minha marca, estás a comprar um bocadinho de mim também”, diz ao PÚBLICO. “Não quero que seja só mais uma peça de vestuário, que é sempre renovável. Tem de ter um carácter cada vez mais único, cada vez mais individual”, acrescenta.

Tal como Hugo Costa, Daniela Barros sente que a individualização das peças é essencial para a distinção do trabalho de um criador. Apesar de a maioria das peças de uma colecção ser feita com as mesmas técnicas e estampados gráficos (caso de Hugo Costa), o resultado final é “semelhante mas distinto”. “É impossível que as peças sejam iguais porque temos uma componente manual. Nesta colecção utilizei a minha mão para o print de duas t-shirts e apesar de ser a mesma mão, não ficaram iguais”, exemplifica Hugo Costa. Também os drapeados de Daniela Barros nunca ficam iguais. “Um é mais desconstruído do que outro”, o que torna cada peça “única” - uma mais-valia.

A designer escolheu Potsdam para apresentar a sua primeira colecção resort, uma “pré-colecção” com vários tipos de denim – o material também privilegiado por Hugo Costa nesta colecção –, com várias lavagens trabalhadas “de uma forma mais crua”, com silhuetas longas e calças a direito. “Como é uma colecção resort, acaba por ter um cariz comercial maior”, confessa, e até já foi pensada para o mercado alemão, onde a estreou e onde quis que o espectador a recebesse de forma mais imediata e directa.

Susana Bettencourt, especializada em malhas, foi a última a apresentar as suas propostas com Ways of Seeing, que diz marcar “o início de uma nova história”. Em 13 coordenados (que aumentam para 23 na próxima apresentação da designer, na semana da moda de Amesterdão já no próximo fim-de-semana), há “a mesma imagem, o mesmo vector e o mesmo trabalho artístico” expressado de maneiras diferentes. Há “trabalho de mão ou cunho de alta frequência” e materiais como o neopreno cortado a laser ou malhas caneladas com algumas formas fluidas.

E também Susana pensou nesta apresentação na Alemanha quando criou a colecção. “O mercado alemão a nível de cores é menos corajoso do que o latino e por isso tentei perceber como é que eu, que estou sempre ligada à cor, com muitas manchas e muita mistura, podia continuar a ser eu própria, mas menos cor”, conta. Utilizou cinzas, brancos e amarelos pastel.

A mostra em showroom, aberta a profissionais, buyers e imprensa especializada, é uma maneira de testar as águas de vários mercados. Daniela Barros valoriza a junção de duas plataformas – passerelle e showroom – porque “as pessoas vêem as peças em movimento no desfile e no showroom são as peças penduradas em cabides, não têm tanto volume. Completam-se.”

O PÚBLICO viajou a convite do Portugal Fashion e da Potsdam Now  

 

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