5 designers, 5 peças

Fotogaleria
Ana Relvão e o cachecol Imagine, desenhado por Ayzit Bostan em colaboração com Studio Miessen Mould, para Istanbul Design Biennial 2014 (100% Poliacrílico; 40€; www.ayzitbostan.com/shop/accessories/imagine-scarf/
Fotogaleria
Rui Alves e a calculadora ET66, desenhada por Dieter Rams e Dietrich Lubs para a Braun; 40€; www.braun-clocks.com/calculators/bne001bk
Fotogaleria
Fernando Brízio e os modelos da Terada Mokei Papel: N.º9 Orchestra, N.º10 Street Tree, N.º4 Zoo; Cada conjunto a 11€, com 18€ de portes de envio; www.teradamokei.jp en/product/tenkei/1100/1100
Fotogaleria
Miguel Vieira Baptista e o Medidor de Estradas da Macfer; 44,70€; Viúva C. Ferreira Pires, R. St. António da Sé, 2, Lisboa
Fotogaleria
Marco Sousa Santos foi buscar o lápis "Turn it", desenhado por Miguel Soeiro para a Viarco (à venda na Vida Portuguesa)

O  pedido lançado coincide, propositadamente, com o dia que aí vem. Aproveitamos o enquadramento natalício para sabermos o que escolhe quem está habituado a pensar e desenhar objectos.

Demos um limite de 50 euros e pedimos a cinco designers portugueses que escolhessem um objecto para oferecer. Ana Relvão, Fernando Brízio, Marco Sousa Santos, Miguel Vieira Baptista e Rui Alves aceitaram olhar para o que nos rodeia e, num trabalho de análise e não de concepção, pensaram num objecto como ponto de partida e não de chegada, num processo um pouco inverso ao que estão habituados, estes que fazem nascer os objectos.

Há obviamente uma identificação pessoal na escolha de cada um e o objecto é muitas vezes eleito como um presente-tipo, daquilo que se tem, ou gostava de se ter, e se quer oferecer a outros, muitos, ou poucos mas bons.

É o caso da escolha enviada da Alemanha por Ana Relvão, que, elegendo a transparência no processo de produção/distribuição como a premissa para uma atitude mais justa para todos, vê nesta a oportunidade de divulgar o trabalho da designer de moda Ayzit Bostan. Um cachecol em que a torcida não tem cor de clube mas sim uma mensagem preto no branco democraticamente lançada: “Imagine”, e imagine-se o que se quiser, sobre o outro, sobre nós, ou complete-se com a entoação “... all the people (...)” Uma mensagem de partilha e de paz, portanto.

Há já algum tempo que Miguel Vieira Baptista (M.V.B.) anda com esta geringonça debaixo de olho. Um medidor de estradas é aquela espécie de bengala com uma roda na extremidade que vemos por vezes nas mãos das autoridades a descreverem linhas imaginárias nos pavimentos. É um objecto técnico, mas “tem uma carga lúdica incontornável”, e que também pelas proporções, cores e materiais se torna tão apetecível de lhe deitar a mão. Para passear por aí (como uma criança com aquele tradicional boneco articulado feito em madeira), acompanhando-nos e medindo-nos as distâncias. “Uma versão arcaica dos relógios cárdio ou dos sistemas GPS dos smartphones” — ironiza M.V.B., que alerta para o perigo de ainda se tornar moda à beira-rio.

Para quem tenha “a curiosidade na ponta dos dedos”, como diz Rui Alves, a filosofia do “less but better” (menos mas melhor) assenta como uma luva na calculadora ET66. A marca alemã Braun reeditou recentemente este que é um dos seus objectos mais emblemáticos. Lançada em 1987, é fruto da colaboração entre Dieter Rams e Dietrich Lubs e tem como resultado final aquilo que Rui Alves considera ser “um objecto clássico e inspirador, de design simples e intemporal”.

Outra feliz parceria, e 100% portuguesa, é a da já antiga marca Viarco com o jovem designer Miguel Soeiro. Um lápis é “o” instrumento dos designers. Turn it dá nome ao tradicional riscador tornado brinquedo que Marco Sousa Santos aponta como sendo um “objecto com duplo sentido, o funcional e o lúdico”. O bico é do lápis quando escreve e é do pião quando desenha os seus movimentos.

E se um conhecido lhe enviar um envelope vindo do Japão? Isso é Terada Mokei. Modelos em papel usados em maquetes por arquitectos estão prontos a virar personagens e cenários de variadas imaginações e instalações, e são por isso surpreendentes para Fernando Brízio, que os considera “simples e vibrantes”. Têm ainda o prazer acrescido da montagem, para mãos um pouco mais pacientes.

Estas estrelas do design português projectaram as suas ideias nesta página, iluminando o nosso calendário, agora e mais além. Propostas que chegaram como cartões de boas-festas, que se agradecem pela sua generosidade e partilha.

Sugerir correcção
Comentar