Lisboa capital mundial da música por uma noite

Os Green Day e os Coldplay ganharam dois galardões, mas foram de Madonna e dos Gorillaz
os momentos maiores
no Pavilhão Atlântico

Duas grandes actuações, de Madonna e dos Gorillaz, um apresentador irreverente, Borat Sagdiyev, um prémio de distinção para Bob Geldof, predomínio americano nos galardões, vitória portuguesa dos The Gift, mistura de actuações rock enérgicas (Foo Fighters, System Of A Down, Green Day) com outras onde predominaram padrões R&B ou pop adolescente (Pussycat Dolls, Shakira, Akon ou Robbie Williams). Mas acima de tudo o tipo de ambiente resplandecente que caracteriza os grandes espectáculos. Foi assim, ontem, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, na 12.ª edição dos MTV Europe Music Awards, que decorreram pela primeira vez em Portugal. Não foi um dia como os outros na zona do Parque das Nações. Duas horas antes do início da cerimónia, algumas ruas e artérias foram cortadas momentaneamente ao trânsito, mas os carros luxuosos a circular não pararam, sob o olhar atento dos muitos agentes da PSP e dos inúmeros seguranças privados destacados para o local. À entrada do Atlântico, pelas 18h, a maior passadeira vermelha de todas as edições dos prémios (65 metros de comprimento) era pisada pelas estrelas pop e pelas personalidades convidadas, enquanto as câmaras fotográficas dos profissionais disparavam e se fazia sentir o entusiasmo de dezenas de jovens, previamente seleccionados, para gritarem.
Alguns, como os ingleses Bloc Party, os finlandeses Rasmus ou nomeados locais, com excepção dos portugueses, passaram quase despercebidos, mas quando Robbie Williams, Shakira, Nelly Furtado, Black Eyed Peas, Dave Grohl dos Foo Fighters, o actor Gael Garcia Bernal ou Luís Figo se aproximaram, gerou-se o delírio. "É um evento único, muito importante para Portugal", foram as palavras do jogador de futebol português.
Às 19h30, no interior do recinto, testava-se o som e os animadores de serviço avaliavam o entusiasmo do público pedindo para se manifestar, ou os prémios não fossem um espectáculo planetário de televisão, onde todos os pormenores contam. Para evitar embaraços (como aconteceu há dois anos na cerimónia da final do campeonato de futebol americano com o seio descoberto de Janet Jackson), as imagens foram difundidas com três minutos de atraso em relação aos acontecimentos.
Às 20h15 o pavilhão vem abaixo. Suspensa por uma plataforma, Madonna, acompanhada por um colectivo de bailarinos, dá inicio ao espectáculo, com uma energia irresistível. Um ano depois de se ter estreado no Atlântico, a cantora regressou àquela sala para interpretar o single do álbum Confessions On A Dance Floor. De blusão lilás e botas pelo joelho, exibiu aos 47 anos enorme sensualidade, rastejando pela passadeira que se estende do palco, cantando Hung up, inspirado em elementos melódicos de Gimme gimme gimme, dos Abba.
A estrela da cantora viria a brilhar mais tarde ainda, quando, inesperadamente, se encarregou da entrega do prémio especial "Free your mind" a Bob Geldof, por todo o seu envolvimento nas causas de África e pela organização de eventos como o Live Aid ou Live 8, originando o momento político da noite. Geldof proferiu um discurso de agradecimento politizado a propósito do trabalho que é feito em defesa de causas humanitárias, nomeadamente a pobreza em África.
O apresentador provocador
Outra das estrelas da noite foi o apresentador Baron Cohen, vestindo a personagem do jornalista de televisão do Cazaquistão Borat Sagdiyev, desvendando desde o princípio um humor iconoclasta, movido pelo absurdo e por inúmeras alusões sexuais. Insinuou por entre sorrisos que Madonna seria um travesti, apresentou as Pussycat Dolls com o epíteto de "prostitutas internacionais", ventilou que Shakira, no Cazaquistão, "quer dizer vagina" ou anunciou os Coldplay quando entram os Green Day e vice-versa.
Na actuação dos Coldplay, o vocalista Chris Martin agarrou no telemóvel de um assistente da plateia e telefonou, em directo, para alguém, mas foram os hologramas (e dois membros dos De La Soul), que representam o projecto virtual Gorillaz, que seduziram.
A actuação combinou o melhor da tecnologia em três dimensões, com as personagens animadas a interpretarem o tema Feel Good Inc. Antes desta prestação virtual, os futebolistas Figo e Nuno Gomes anunciaram que os Green Day foram considerados o "Melhor Artista Rock". A banda americana arrecadou o segundo prémio da noite, de um total de três para os quais estavam nomeados, cotando-se como os mais distinguidos, ao lado dos Coldplay, premiados nas categorias de "melhor canção" e no prémio regional "melhor banda britânica".
Um dos mais importantes prémios, o de "melhor Grupo", distinguiu os Gorillaz, que estavam nomeados para outras quatro categorias. Este foi o último dos galardões, fechando a noite. A recebê-lo estiveram Jamie Hewlett, que desenhou as quatro personagens, e os De la Soul, que participaram no último álbum do projecto, Demon Days. Noite dentro a festa continuou espalhada por espaços como o Lux, o Budha Bar, a Kapital ou o Pavilhão de Portugal.

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