Woody Allen regressa ao drama com Blue Jasmine

O mais recente filme de Woody Allen, com Cate Blanchett e Alec Baldwin, chega em Setembro à Europa e conta a história de uma mulher obrigada a mudar de vida quando descobre que se casou com um vigarista

Foto
Cate Blanchett e Peter Sarsgaard na premiere de "Blue Jasmine" em Beverly Hills - o filme estreou sexta-feira no mercado americano Reuters/Mario Anzuoni

Quando se esperava que Woody Allen prosseguisse essa espécie de volta à Europa em comédias iniciada em 2008 com Vicky Cristina Barcelona, e que tivera como etapas mais recentes Meia-noite em Paris (2011) e Para Roma Com Amor (2012), o realizador surpreende com Blue Jasmine, um drama situado em São Francisco que teve ontem a sua antestreia mundial em Beverly Hills, Califórnia.

Com a actriz australiana Cate Blanchett e Alec Baldwin, Blue Jasmine, que deverá chegar aos cinemas europeus em Setembro, parece constituir, pelo que já se sabe do filme, um regresso a essa veia mais dramática que Woody Allen já mostrara em Intimidade (1978), mas que marca sobretudo a sua filmografia da segunda metade dos anos oitenta, com Ana e as Suas Irmãs (1986), Setembro (1987), Uma Outra Mulher (1988) e o notável Crimes e Escapadelas (1989).

A bela Jasmine (Cate Blanchett) é a esposa-troféu de Alec Baldwin, que se revela um vigarista. Habituada a um quotidiano de luxo, vê-se obrigada a procurar abrigo em casa da irmã e a lidar com o modo de vida da classe operária. Para interpretar a irmã, Ginger, Woody Allen escolheu Sally Hawklins, a quem já dera um papel em O Sonho de Cassandra (2007), ainda antes de a actriz britânica alcançar notoriedade como protagonista do filme Um Dia de Cada Vez (2008), de Mike Leigh.

À entrada para a antestreia do filme, Cate Blanchett disse aos jornalistas que já tinha “perdido a esperança” de algum dia vir a trabalhar com Woody Allen quando recebeu o convite do realizador para protagonizar Blue Jasmine. Allen, diz a actriz, “é um realizador extraordinário”, com “um impacte na cultura popular de que poucos se podem gabar”.

Woody Allen não assistiu à sessão, mas já antes fizera saber que, invertendo o seu habitual processo de criação, escreveu este filme a pensar em Cate Blanchett. “É uma das poucas actrizes que poderia interpretar este papel”, diz o cineasta, acrescentando que poder contar com Blanchett “é o mesmo que dispor de uma bomba atómica”.  

Nostalgia do palco

Aos 78 anos, Woody Allen continua a estrear pelo menos um filme por ano, o que não o impede de ponderar acumular a realização com outras actividades. Depois de ter assistido há um mês, em Nova Iorque, a um espectáculo do humorista de origem canadiana Mort Sahl, um veterano da comédia stand up, Woody Allen deu por si a pensar que poderia regressar ao passado e voltar a subir ao palco como humorista. “Achei que poderia fazer aquilo”, confessou Allen à revista Variety, explicando que já fora justamente Mort Sahl quem o inspirara, há muitos anos, a fazer o seu primeiro número de comédia stand up.  

O cineasta assistiu ao espectáculo de Sahl no célebre Café Carlyle, onde ele próprio actua regularmente, mas na qualidade de clarinetista, com a New Orleans Jazz Band. “Pensei que seria óptimo subir ao palco e voltar a fazer aquilo”, disse o realizador à Variety, assumindo que tem vindo a reunir notas para um possível número de comédia. Mas acrescenta que está ainda longe de se sentir preparado para subir ao palco. “Não é como o argumento de um filme, em que basta uma gargalhada aqui e ali”, observa. No palco, é preciso arrancar uma gargalhada, e logo depois outra, e outra, e outra”.

 

 

 

 

 

Sugerir correcção
Comentar