A próxima temporada da Gulbenkian é marcada pelos 50 anos do seu coro

Pianistas de renome e uma semana dedicada à Arménia no extenso programa da temporada de música 2014-15 da Gulbenkian.

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Ensaio do coro da Gulbenkian Bruno Simões Castanheira/Arquivo

As celebrações à volta dos 50 anos do coro da Gulbenkian, um ciclo de piano com figuras de renome e uma semana de cultura arménia são alguns dos destaques da temporada 2014-15 da Fundação Calouste Gulbenkian, apresentada esta quinta-feira na sede da instituição.

Foi o director do serviço de música, Risto Nieminen, quem o revelou: “Esta temporada o Coro Gulbenkian estará em destaque ao alcançar a idade de 50 anos”, menos dois que a Orquestra Gulbenkian.

O concerto comemorativo será a 6 e 7 de Novembro, divulgou o maestro Jorge Matta, com uma das mais emblemáticas obras do repertório daquele agrupamento, o Requiem de Mozart, e uma nova obra encomendada ao compositor Eurico Carrapatoso. “A sua escolha deve-se ao facto de ser o compositor que mais atenção tem dado à música coral”, justificou.

A 9 de Novembro as comemorações abrem-se a “muitos outros coros amigos”, nas palavras de Jorge Matta, através do acontecimento Portas Abertas. Entrada livre para ouvir agrupamentos corais (do Teatro Nacional de S. Carlos ao Regina Coeli), num programa de concertos, filmes, ensaios abertos e actividades educativas, numa celebração que se pretende colectiva, porque segundo Risto Nieminen, existe hoje uma cultura coral no país devido ao exemplo do Coro Gulbenkian.

No âmbito das celebrações, o público vai ser convidado a experimentar a emoção de integrar um coro de amadores. Entre Junho e Julho serão feitas audições e após um período de preparação os coralistas seleccionados subirão ao palco a 30 de Novembro, na companhia do Coro e Orquestra Gulbenkian para dar a ouvir Carmina Burana, de Carl Orff. Segundo Jorge Matta, pelo menos 300 pessoas poderão vir a participar na iniciativa.

O Coro Gulbenkian iniciou a sua actividade em Fevereiro de 1964 e apresentou-se pela primeira vez a 24 de Maio desse ano, com direcção de Olga Violante. Desde 1969, o suíço Michel Corboz assumiu a responsabilidade pelo coro. Corboz dirigirá o Coro Gulbenkian (19, 20 e 21 de Dezembro) na interpretação da oratória Elias de Felix Mendelssohn. Entre outros concertos previstos, haverá uma deslocação à China, ou não fosse este também  um coro sinfónico de projecção internacional, segundo Nieminen.

Os pianistas constituirão uma parte relevante da temporada, com um ciclo de recitais com nomes como Radu Lupu, Mitsuko Uchida, Grigory Sokolov, Murray Perahia ou Daniil Trifonov. Outros pianistas, como Elisabeth Leonskaja, juntar-se-ão à orquestra na interpretação dos dois concertos para piano de Brahms.

O ciclo Músicas do Mundo arrancará a 11 de Setembro, com o pianista Júlio Resende, vindo do jazz e que no ano passado lançou um álbum à volta da obra de Amália. Desta feita convidou “duas grandes vozes ibéricas”, disse, antes de revelar os nomes da fadista Gisela João e da cantora de flamenco Sílvia Pérez Cruz. Uma digressão comemorativa dos 40 anos do conhecido Kronos Quartet também passará pela Gulbenkian, a 11 de Novembro, o mesmo sucedendo com Adriana Calcanhoto, a 25 de Fevereiro.

Entre 12 e 19 de Outubro decorrerá a Semana da Cultura Arménia, com uma série de concertos que reúnem alguns dos mais conhecidos compositores e instrumentistas arménios. Em tempos recentes o instrumento duduk foi adoptado por virtuosos como Gevorg Dabaghyan (12 Outubro) e tem também lugar de destaque num dos mais recentes projectos do catalão Jordi Savall (10 Outubro). Mas nem só de evocações tradicionais arménias constará o programa, com novos compositores como Khachaturian e Sharafyan, ou o pianista Nareh Arghamanyan.

A Orquestra Gulbenkian será a anfitriã de algumas das estrelas do ciclo Grandes Intérpretes, como o maestro Esa-Pekka Salonen e o tenor Joseph Calleja. A estreia em Portugal do tenor maltês Joseph Haydn, um espectáculo em torno das leituras religiosas e as meditações musicais (com a Orquestra Gulbenkian e o actor Diogo Infante no papel de narrador), ou uma recriação de Macbeth de Verdi, pelo compositor belga Fabrizio Cassol, para um elenco de cantores de ópera da África do Sul - numa colaboração com o teatro Maria Matos - são outros destaques da extensa programação.

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