Projecto Tercenas, parte 3, inaugura amanhã em Lisboa

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"Margarida Verde", um dos passeios organizados por Laurent Faulon

A partir de amanhã e até 15 de Dezembro, o terceiro e último episódio da exposição "Ocupação Evolutiva das Tercenas do Marquês" estará patente no edifício das Tercenas do Marquês, no bairro de Santos, em Lisboa. Ao longo de nove meses, aquele edifício abandonado foi ocupado em permanência por um grupo de artistas plásticos franceses, suíços e portugueses.

Depois de duas aberturas ao público em Julho e Setembro, chega assim ao fim uma experiência que levou os artistas Mattia, Delphine Reist, Sébastien Perroud, Laurent Faulon e Francisca Bagulho a habitarem e trabalharem no edifício, cedido à associação Zé dos Bois pela Câmara Municipal de Lisboa. No âmbito deste último episódio poder-se-á assistir, já amanhã e depois de amanhã, das 20h00 às 23h00, à estreia da performance "Operação Dragão", do atelier de cinema experimental de Grenoble MTK, na qual participará o artista residente Sébastien Perroud ao lado de dois elementos do MTK.
Ainda durante esta terceira abertura das Tercenas ao público, Mattia, outro dos artistas residentes, vai especular sobre a noção de tríptico, por esta ser a sua terceira intervenção naquele espaço composto por três andares. Delphine Reist apresentará a sua nova instalação a partir dos restos do muro que construiu na sua anterior intervenção, onde reflectia sobre as questões de propriedade. O muro destruído simboliza, para a artista, o fim da apropriação de um espaço onde viveu e trabalhou durante nove meses.
Quanto a Laurent Faulon, exibirá um filme de 30 minutos feito de imagens recolhidas durante os passeios por locais abandonados da zona de Lisboa que promoveu entre Setembro e Outubro.

Uma saga de nove meses

Foi a própria ocupação do edifício das Tercenas que permitiu aos artistas definirem, ao longo da duração do projecto, o que eles entendiam por "ocupação evolutiva". Esta ideia não pressupunha uma fórmula pré-definida mas antes uma apropriação contínua do espaço por parte dos seus habitantes. Assim, as Tercenas foram simultaneamente espaço de trabalho, sala de jantar, destilaria de aguardente, dormitório, sala de concertos, laboratório de cinema e poiso para outros artistas, convidados pelo colectivo das Tercenas a criarem e lá mostrarem o seu trabalho. Ao longo da sua ocupação, o edifício serviu ainda de ponto de partida para os passeios por Lisboa promovidos por Laurent Faulon. Também foi aí exibido o resultado, gravado em vídeo, das acções desconcertantes que Delphine Reist e Cécile Bonnet levaram a cabo em vários hipermercados da zona de Lisboa: por exemplo, uma delas lavava os dentes ou passava a esfregona enquanto a outra filmava.
O conceito de ocupação evolutiva também previa o desenvolvimento de um sítio na Internet, da autoria de Francisca Bagulho, igualmente com base no princípio de ocupação de um espaço abandonado – desta vez, um espaço virtual.

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