Projecto para recuperar Pompeia apresentado com medidas de extrema segurança

Depois de um período em que os custos das obras foram ultrapassados, um novo plano para a recuperação da villa histórica promete dar nova vida ao maior campo arqueológico de Itália

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Imagem tirada depois da derrocada do muro que protegia a Casa do Moralista, em Novembro de 2010. AFP PHOTO / ROBERTO SALOMONE

Um ambicioso plano de restauro de 105 milhões de euros, dos quais 41,8 vindos da União Europeia, foi esta quarta-feira apresentado em Pompeia com o objectivo de devolver o brilho ao célebre campo arqueológico, após repetidos desmoronamentos e escândalos de corrupção.

O Grande Projecto Pompeia, que foi anunciado em Outubro de 2011, foi ontem apresentado com grande pompa na presença dos ministros italianos da Cultura, Lorenzo Ornaghi, e do Interior, Anna Maria Cancellieri, e ainda do comissário europeu responsável pela política regional, Johannes Hahn, e do presidente da região de Nápoles, Stefano Caldoro.

 “É um primeiro passo. Os trabalhos começaram realmente, não é simplesmente um anúncio de fachada”, explicou Johannes Hahn, que a seguir percorreu o terreno ao longo de duas horas, acentuando a “transparência total” da operação. “O mundo inteiro vai poder seguir a evolução dos trabalhos”, disse, como um símbolo de ruptura com a má gestão do passado, relançando assim este local inscrito no património mundial da UNESCO, e que é também o maior de Itália, com 44 hectares.

No fim dos trabalhos, previsto para 31 de Dezembro de 2015, espera-se um visível aumento da frequência turística que, segundo as previsões, deverá ultrapassar os actuais 2,3 milhões de turistas anuais e chegar aos 2,6 milhões em 2017. Uma ajuda que será bem-vinda para aquela região sinistrada.

 “É uma grande oportunidade para a economia local”, sublinhou Hahn. Este projecto “pode ajudar a criar novos empregos e a manter os que que já existem”, acrescentou.

É em lugares como Pompeia que reside “o poder de atracção da Europa, e [dever-se-ia] apostar no turismo de qualidade”, disse, apelando a uma verdadeira “viragem”.

Para evitar os erros do passado (explosão dos custos, má gestão), o estaleiro será monitorizado através de alta vigilância por receio de infiltração da Camorra, a máfia napolitana. Foi nomeado um director e todos os trabalhadores terão uma identificação para poderem aceder ao estaleiro. “É um grande desafio e espero que o superemos”, afirmou a ministra do Interior.

As medidas excepcionais e a prudência foram justificadas pelo anúncio na terça-feira de uma queixa contra a empresa que efectuou os trabalhos anteriores e que havia feito aumentar os custos.

O antigo comissário extraordinário do sítio arqueológico Marcello Fiori foi também objecto de um inquérito, bem como os engenheiros que pertenciam à administração do local. Entre as acusações que sobre eles pesavam estavam as de corrupção, abuso de funções, fraude e burla das despesas do Estado.

A situação é grave em Pompeia, palco de numerosos acidentes, como a queda de uma coluna da casa de Loreius Tiburtinus, em Dezembro 2011, precedida de grandes derrocadas de muros na Casa dos Gladiadores e na Casa do Moralista.

No início de Setembro, uma trave que sustentava um telhado cedeu na famosa Vila dos Mistérios e, no fim de Novembro, um muro de uma villa com cerca de dois metros desabou.

Situada perto de Nápoles, Pompeia ficou sepultada pelas cinzas do vulcão Vesúvio após a erupção de 24 de Agosto do ano 79 e constitui o exemplo mais bem conservado de uma villa da época romana. Está classificada como Património Mundial da Humanidade desde 1997.
 
 
 
 

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