Prémio Stirling: um castelo do século XII é o melhor edifício de 2012

Prémio da Royal Institute of British Architects distingue recuperação de um castelo numa casa de férias britânica

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Detalhe do interior do Castelo de Astley Landmark Trust
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Fachada actual Landmark Trust
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O edifício antes das obras de requalificação Landmark Trust
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Uma das mais-valias do espaço é uma sala de jantar ao ar livre, mas dentro das ruínas Landmark Trust
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O projecto custou quase três milhões de euros Landmark Trust
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Um dos quartos do Astley Castle Landmark Trust
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O Astley Castle está disponível para aluguer Landmark Trust

O restauro do Castelo de Astley, um trabalho do atelier Witherford Watson Mann Architects sobre uma mansão fortificada do século XII em Warwickshire destruída por um incêndio em 1978, recebeu quinta-feira o prémio Stirling do Royal Institute of British Architects (RIBA). É a primeira vez que um projecto de recuperação de uma estrutura com cerca de 800 anos vence o mais importante prémio de arquitectura britânico.

O castelo é agora uma casa de férias de luxo e a sua transformação, que custou 2,9 milhões de euros, venceu porque é “um “trabalho de amor” e “um exemplo excepcional de como a arquitectura contemporânea pode reanimar um monumento antigo”, disse o presidente da RIBA, Stephen Hodder. Astley serviu de casa a três rainhas de Inglaterra (a mulher, a filha e a neta de Eduardo IV), bem como ao escritor George Eliot, e foi também um hotel e um bar – a sua animação terá estado na origem do incêndio que o deixou em ruínas durante décadas. Mas aquele que é agora considerado o melhor edifício de um arquitecto britânico em 2012 tem uma nova vida, como luxuoso alojamento turístico onde oito pessoas podem passar uma semana por cerca de 2900 euros.  

O Stirling foi então entregue pela primeira vez a um projecto de recuperação, tendo sido dominado por grandes nomes como David Chipperfield ou Herzog & de Meuron nos seus 18 anos de existência. A excepção foi, noutros contornos, o Magna Science Adventure Centre de Rotherham, premiado com o Stirling em 2001 pela adequação de uma nova estrutura ao local – uma antiga fundição construída já sobre um forte românico.

O Castelo de Astley competia com projectos de categorias que já venceram o Stirling, como um projecto de habitação acessível em Harlow ou a nova faculdade de Medicina da Universidade de Limerick. Mas o favorito era mesmo uma capela em Cuddesdon projectada por Niall McLaughlin, batida por Astley não só na decisão final do júri do Sterling mas também nas sondagens feitas aos leitores de meios de comunicação como o Guardian ou a BBC – todos elegeram o castelo cujo projecto o crítico de arquitectura do Financial Times, Edwin Heathcote, descreveu como “poético”. A Witherford Watson Mann Architects venceu o prémio pela primeira vez e esta foi também a sua estreia na short list do galardão.

Joseph Rykwert, historiador e crítico de arquitectura que este ano recebeu a Medalha de Ouro da RIBA, considera no Guardian que “não existe no país uma recuperação de um monumento antigo comparável” à levada a cabo pelos Witherford Watson Mann Architects, e existirão “muito poucas noutros locais”. A história deste restauro começa com a Landmark Trust, uma organização de beneficência que resgata edifícios históricos com interesse patrimonial através de projectos de recuperação que permite depois disponibilizá-los como alojamentos de férias. Foi ela que entregou o projecto ao atelier que viria a desenhar um espaço cheio de detalhes que permite aos hóspedes “experienciar a vida num castelo com quase mil anos com dispositivos inequivocamente do século XXI”, como escreve a RIBA no anúncio do vencedor do Stirling 2013.

2013 RIBA Stirling Prize Shortlist: Astley Castle from RIBA on Vimeo.

No fundo, o projecto trabalha a ideia de ruína, cosendo a estrutura existente, fosso incluído, e as novas paredes de tijolo e madeira, organizando as vistas interiores e exteriores e mantendo em harmonia as origens saxónicas do edifício, como descreve o Guardian. O atelier Witherford Watson Mann acrescentou à ruína “uma arquitectura contemporânea que é rica, visualmente bela e táctil”, acrescenta o júri do prémio. “A decisão de pôr os quartos e casas de banho no piso térreo e os espaços comuns em cima torna a experiência da casa muito especial e talvez os espaços mais impressionantes sejam as ruínas exteriores” para as quais têm vista, dos estilos Tudor (que coincide e até ultrapassa o período Tudor da história inglesa) e jacobino (associado ao reinado de James I), justifica ainda a RIBA no seu site.

O Stirling Prize, atribuído desde 1996 pela RIBA e com valor pecuniário de 23.800 euros, visa premiar o maior contributo para a disciplina por parte de um profissional britânico e que seja membro da associação – o projecto pode ser localizado em qualquer parte da União Europeia. O Stirling consta já do currículo de vários ateliers de renome e distinguiu obras que já são emblemáticas: desde o edifício da Foster and Partners na City londrina, o 30 St Mary Axe (2004) - conhecido informalmente como o “gherkin" (pequeno pepino, em português) - ao MAXXI de Zaha Hadid (2010) em Roma, passando pelo Terminal 4 do Aeroporto de Barajas, em Madrid (Richard Rogers Partnership, 2006).
 
 

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