Palma de Ouro do Festival de Cannes vai para Amour de Michael Haneke

Michael Haneke segura a Palma de Ouro com a actriz Emmanuelle Riva (à esquerda) e Jean-Louis Trintignan (à direita)
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Michael Haneke segura a Palma de Ouro com a actriz Emmanuelle Riva (à esquerda) e Jean-Louis Trintignan (à direita) Valery Hache/AFP
O realizador  Michael Haneke (à esquerda), a actriz Isabelle Huppert e o actor Jean-Louis Trintignant, que entram em Amour
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O realizador Michael Haneke (à esquerda), a actriz Isabelle Huppert e o actor Jean-Louis Trintignant, que entram em Amour Alberto Pizzoli/AFP
Matteo Garrone recebeu o Prémio do Júri
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Matteo Garrone recebeu o Prémio do Júri Valery Hache/AFP
Mads Mikkelsen levou o prémio de melhor actor
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Mads Mikkelsen levou o prémio de melhor actor Eric Gaillard/Reuters
Cosmina Stratan (à esquerda) e Cristina Flutur (à direita) ganharam o prémio de melhor actriz, em ex-aequo
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Cosmina Stratan (à esquerda) e Cristina Flutur (à direita) ganharam o prémio de melhor actriz, em ex-aequo Yves Herman/Reuters

Amour, do austríaco Michael Haneke, é o vencedor da Palma de Ouro do Festival de cinema mais importante do mundo. É a segunda Palma de Ouro para o realizador de A Pianista, depois de O Laço Branco, em 2009.

Depois de em 2011 o prémio máximo do Festival de Cannes ter sido entregue a A Árvore da Vida, de Terrence Malick, o júri 2012, sob a batuta do realizador italiano Nanni Moretti, premiou um filme que acompanha os últimos meses de um casal idoso interpretado por Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant.

Amour, de Michael Haneke, era o filme favorito da maior parte da imprensa presente no Festival de Cannes 2012, edição que muitos dizem ter sido a melhor em muitos anos. Nanni Moretti, presidente do júri, podia perfeitamente assestar os holofotes noutro filme.

Na volta, Amour foi o vencedor da cerimónia de encerramento que teve lugar ao fim da tarde de domingo sob chuva torrencial em Cannes, valendo ao realizador austríaco a sua segunda Palma de Ouro após O Laço Branco em 2009.

O júri fez questão de assinalar, ao entregar o prémio, o trabalho fundamental dos seus actores, Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant, dois veteranos do cinema francês convocados para interpretar um casal idoso confrontado com a doença terminal da esposa. (Trintignant aceitou interromper o seu “auto-exílio” dos écrãs para entrar no filme, e Haneke disse que se ele tivesse recusado o filme não se faria.)

Mesmo que Amour fosse um vencedor “anunciado”, o restante palmarés trouxe confirmações e surpresas. Confirmou o dinamarquês Mads Mikkelsen, que já foi vilão de James Bond (em Casino Royale), favorito para melhor actor em The Hunt de Thomas Vinterberg.

O novo filme do romeno Cristian Mungiu (Palma de Ouro por 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias), no geral bem recebido, foi o único filme a “repetir” no palmarés, com os prémios de melhor argumento e melhor actriz, este entregue ex-aequo a Cosmina Stratan e Cristina Flutur.

E The Angel's Share, comédia do veterano inglês Ken Loach (Palma de Ouro por Brisa de Mudança) sobre desempregados de Edimburgo e uma golpada com whiskies, gerou bastante entusiasmo na Croisette. O júri de Moretti deu-lhe o Prémio do Júri com Loach a enviar nos agradecimentos os seus votos de solidariedade para com os resistentes europeus à austeridade económica.

O júri surpreendeu, contudo, ao dar o Grande Prémio – o segundo mais importante do certame – a Reality, onde o italiano Matteo Garrone, realizador de Gomorra, lança um olhar sobre a cultura dos reality-shows televisivos. Reality foi um dos filmes menos unânimes da competição, tal como Post Tenebras Lux do mexicano Carlos Reygadas, que recebeu o prémio de realização.

Reygadas, ao receber o prémio, não resistiu ironicamente a agradecer à imprensa que “tanto o tinha apoiado”, e Nanni Moretti, na conferência de imprensa após a cerimónia de encerramento, confessou que esse fora um de três filmes que dividiram abertamente o júri. Dos três, foi o único a entrar no palmarés: os outros dois, Paradise: Love, do austríaco Ulrich Seidl, e Holy Motors, o regresso do enfant terrible francês Léos Carax, ficaram de fora. Este último foi o evidente “caso” do festival, “o” filme de que toda a gente falava entre duas projecções, o que justificou alguma indignação junto dos seus muitos apoiantes pela sua ausência do palmarés.

O palmarés da 65ª edição do festival completa-se com a Câmara de Ouro, prémio atribuído ao melhor primeiro filme no conjunto das secções competitivas, ao americano Beasts of the Southern Wild de Benh Zeitlin, já vencedor de Sundance 2012. A Palma de Ouro da Curta-Metragem coube a Sessiz-be Deng, do turco Rezan Yesilbas.

Nas secções paralelas, foi a América Latina que saiu vitoriosa: a Quinzena dos Realizadores entregou o seu prémio principal a No, do chileno Pablo Larraín, e Un Certain Regard premiou Después de Lucía, do mexicano Michel Franco.

Palma de Ouro: Amour, de Michael Haneke

Grande Prémio do Júri: Reality, de Matteo Garrone

Prémio do Júri: The Angel's Share, de Ken Loach

Prémio de Realização: Carlos Reygadas, Post Tenebras Lux

Prémio de Interpretação Masculina: Mads Mikkelsen, The Hunt

Prémio de Interpretação Feminina: Cristina Flutur e Cosmina Stratan, Beyond the Hills

Prémio de Argumento: Beyond the Hills, de Cristian Mungiu

Câmara de Ouro (Melhor Primeiro Filme): Beasts of the Southern Wild, de Benh Zeitlin

Quinzena dos Realizadores: No, de Pablo Larraín

Un Certain Regard: Después de Lucía, de Michel Franco

Notícia actualizada às 20H22
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