Os londrinos querem o seu Banksy de volta

O mural do mais conhecido "street artist" do mundo foi roubado há uma semana para reaparecer nos EUA, onde este sábado foi retirado de um leilão em Miami.

Os manifestantes de Wood Green, a pedirem o seu Banksy de volta
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Os manifestantes de Wood Green, a pedirem o seu Banksy de volta Justin Tallis/AFP
As primeiras imagens a surgir em volta do buraco já reparado na parede onde até há uma semana esteve "Slave Labour"
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As primeiras imagens a surgir em volta do buraco já reparado na parede onde até há uma semana esteve "Slave Labour" Justin Tallis/AFP
Não é conhecida a autoria da imagem que substituiu a obra de Banksy no mesmo lugar
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Não é conhecida a autoria da imagem que substituiu a obra de Banksy no mesmo lugar Neil Hall/REUTERS
O mural de Banksy que este sábado foi retirado de leilão nos Estados Unidos
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O mural de Banksy que este sábado foi retirado de leilão nos Estados Unidos DR

Crianças, adolescentes, jovens adultos e alguns adultos não tão jovens. Muitos deles a empunhar cartazes onde se lê: "Tragam o nosso Banksy de volta". É isso que a comunidade de Wood Green tem exigido ao longo da última semana e é isso que poderá estar mais perto de conseguir desde que, este sábado, a leiloeira norte-americana Fine Art Auctions Miami (FAAM) decidiu recuar e retirar do mercado o mural "Slave Labour".

Os conteúdos políticos da imagem são fortes: um rapaz de pele escura está ajoelhado a trabalhar numa antiga máquina de costura de onde vai saindo uma grinalda de bandeiras britânicas. Banksy, o mais conhecido street artist do mundo, pintou este mural em Maio de 2012 na parede de uma loja da zona Norte de Londres.

Foi pouco antes do início das celebrações do Jubileu de Diamante da rainha Isabel II. E a imagem esteve na sua parede até ao fim-de-semana passado, quando desapareceu misteriosamente, deixando atrás de si um buraco de cimento. Para depois reaparecer em Miami, nos Estados Unidos, com a Fine Art Auctions a preparar-se para o levar à praça com uma expectativa de venda de mais de meio milhão de euros. Mais concretamente, 517 mil euros.

"Apesar de não haver qualquer tipo de questão legal respeitante à venda dos lotes seis e sete de Banksy, a FAAM convenceu os seus expedidores a retirar esses lotes do leilão e a recuperar a sua autoridade sobre os trabalhos", fez saber  um porta-voz da leiloeira citado pela BBC.

Não foi apresentada qualquer justificação para a retirada das peças do leilão. Mas, segundo a BBC, o leilão foi parado quando já estava em curso e quando haveria até já uma primeira licitação. De 400 mil dólares (303 mil euros).

Claire Kober, principal responsável política do municipio a que pertence Wood Green, explicou à BBC que "o verdadeiro crédito é da comunidade". Terá sido a campanha promovida pelos moradores locais que "ajudou a parar a venda desta obra de arte".

Kober anunciou também que o poder local "continuará a explorar todas as opções para trazer Banksy de volta à comunidade a que pertence".

Poderá acontecer ou não. E, a acontecer a obra poderá não voltar exactamente ao seu sítio original. O buraco deixado na parede de onde foi retirada foi entretanto enchido a cimento. E depois começaram a aparecer as novas imagens. Uma das primeiras alerta: "Perigo, ladrões".

A mais recente é de uma mulher com hábito de freira e uma estrela rosa sobre o olho direito. Segundo a BBC, não se sabe se foi feita por Banksy. A agência Reuters fotografou de costas o homem que fez essa intervenção. Também o entrevistou. Ele identificou-se como um protestante contra o roubo do mural de Banksy. A imagem que deixou no mesmo lugar não é um graffito, antes uma colagem a papel.

Com ou sem outras imagens no mesmo lugar, há mais do que motivos para a comunidade de Wood Green não ter grandes certezas sobre o regresso de Slave Labour: em 2011, uma outra intervenção de Banksy, conhecida como Sperm Alarm, foi tirada da parede de um hotel do centro de Londres para aparecer depois à venda na Internet por 17 mil libras (19,5 mil euros). Nunca foi recuperada.
 
 
 

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