Quando o director da biblioteca rouba livros

Os investigadores estimam que Marino Massimo de Caro roubou, pelo menos, mil livros da biblioteca fundada em 1586.

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Marino Massimo de Caro, o director da mais antiga biblioteca de Nápoles DR

Marino Massimo de Caro não percebeu o que significava ser director da biblioteca mais antiga de Nápoles, quando, em Junho de 2011, foi nomeado pelo ministro da Cultura Lorenzo Ornaghi. Estando responsável pela segurança dos 170 mil livros da colecção da Biblioteca Girolamini, alguns deles centenários, decidiu vendê-los. Foi preso em Maio de 2012.

Só na histórica instituição de Nápoles Caro roubou mil livros, mas o The Art Newspaper relatou agora que a operação terá sido bastante mais ampla do que inicialmente se pensava. Mais de um ano depois de o alerta ter sido dado pelo historiador de arte Tomaso Montanari, Caro, juntamente com 14 cúmplices detidos, confessou ter roubado mais livros da Biblioteca dell’Osservatorio Ximeniano e da Biblioteca Scolopica San Giovannino, ambas em Florença. Os investigadores estão ainda a investigar os alegados roubos de outras bibliotecas nacionais de Florença, Roma e Nápoles.

A condenação do ex-director da Biblioteca Girolamini é de sete anos de prisão e impede-o de exercer funções públicas. A descoberta do roubo seguiu-se à visita que Tomaso Montanari, professor de História de Arte na Universidade de Nápoles, fez à biblioteca, em Março, tendo então escrito um artigo para o jornal italiano Il Fatto Quotidiano, com o qual colabora, no qual denunciou o roubo de livros, as prateleiras vazias e o lixo espalhado no chão. Essa denúncia desencadeou uma petição assinada por dois mil intelectuais italianos, na qual questionavam o ministro do Património Cultural, Lorenzo Ornaghi, sobre a razão que o tinha levado a confiar “a honra desse cargo a um homem sem as mínimas qualificações académicas ou competências profissionais”, noticiou o The Telegraph.

Semanas mais tarde, Caro estava na prisão, acusado de desvios de dinheiro e conspiração, relatou o The New York Times. Os investigadores disseram que durante os 11 meses em que dirigiu a biblioteca o director roubou centenas de volumes, tendo encontrado caixas de livros valiosos em garagens e casas privadas, em várias cidades, assim como em leiloeiras fora de Itália. Duzentos e quarenta livros com o selo da biblioteca foram encontrados em Verona, a cidade natal do ex-director, adiantou o The Telegraph, acrescentando que também tinha roubado volumes de bibliotecas em Verona, Pádua e da Abadia do Monte Cassino.

As estimativas do número de livros roubados variam muito porque grande parte dos volumes da colecção não estavam catalogados. Mauro Giancaspro, director da biblioteca nacional de Nápoles, disse ao jornal norte-americano que apenas metade dos 170 mil livros que compõem a colecção estavam catalogados. Os investigadores chegaram a falar de um total de livros roubados que podia exceder os quatro mil, escreveu o The Guardian em Janeiro. Nesse número estão incluídas obras de Galileu e uma edição de 1518 da Utopia, de Thomas More. Os livros abrangiam áreas tão variadas como a zoologia, física, matemática e mesmo acupunctura chinesa. 
 
 
 
 
 
 
 

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