O Museu Nacional de Arte Antiga vai viajar até Turim e Turim viaja até Lisboa

MNAA inaugura em Maio no Palazzo Madama, em Turim, Itália, a exposição A Arquitectura Imaginária: pintura, escultura, artes decorativas, ao mesmo tempo que em Lisboa é inaugurada uma exposição de arte italiana setecentista.

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O óleo sobre tela Vítor Amadeu III de Saboia de Francesco Antonio Mayerle de (1755) é uma das obras que virão para Portugal

É mais uma parceria internacional do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, depois da colaboração com o Museu do Prado, em Madrid. Desta vez o interesse veio de Itália, mais precisamente do Museo Civico d’Arte Antica – Palazzo Madama. A Turim o MNAA vai levar a exposição A Arquitectura Imaginária: pintura, escultura, artes decorativas e em troca viajam para Lisboa 125 obras para a exposição Reis e Mecenas. A Arte ao Serviço dos Saboia: Turim 1730-1750.

Enquanto em Turim o MNAA propõe repensar a arquitectura como utopia e conceito na exposição que põe lado a lado peças como uma pintura de Gregório Lopes, um cofre em cristal de 1600 ou um projecto de Álvaro Siza, em Lisboa, é inaugurada uma mostra de arte italiana setecentista especialmente concebida pelo Museo Civico d’Arte Antica – Palazzo Madama para o MNAA. A inauguração das duas exposições é separada apenas por uma semana, abrindo primeiro a mostra do MNAA em Turim a 8 de Maio e depois, no dia 16, em Lisboa é inaugurada a exposição Reis e Mecenas. A Arte ao Serviço dos Saboia: Turim 1730-1750. O último dia das exposições é o mesmo: 21 de Setembro. E a escolha destas datas não é por acaso.

“É para aproveitar o comboio das obras, vamos dividir os custos”, diz o director do Museu Nacional de Arte Antiga, António Filipe Pimentel, que apresentou esta terça-feira esta parceria aos jornalistas ao lado do director adjunto José Alberto Seabra Carvalho. Organizar estas exposições em simultâneo é assim uma forma de minimizar os custos, esclarece Pimentel, explicando que foi no final de 2012 que o município de Turim mostrou interesse, com o patrocínio do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Itália, em ter o MNAA como parceiro. Nessa altura, veio uma comitiva a Lisboa e a exposição que estava patente no museu era exactamente A Arquitectura Imaginária: pintura, escultura, artes decorativas, que despertou imediatamente a atenção dos italianos.  

“A primeira coisa que se definiu foi a vontade de Turim em acolher uma exposição do MNAA, como museu bandeira português. Nós colocámos vários projectos em alternativa, mas a comitiva italiana ficou entusiasmada com A Aquitectura Imaginária”, conta o director do museu, para quem esta escolha mostrará em Turim que em Portugal “há um país crítico, com uma cultura espessa e uma reflexão que atravessa o tempo”.

Para António Filipe Pimentel, o interesse de Turim no museu português é o resultado da aposta na internacionalização que o museu tem feito nos últimos três anos. “O que é de destacar é que o primeiro contacto veio da cidade de Turim e não foi nosso como seria esperado”, diz Pimentel, explicando que esta parceria surge numa iniciativa mais ampla do município italiano “para consolidar a relação cultural com Lisboa”. “Aquilo que se pretende é um intercâmbio de conhecimento, de investigação, de gestão de colecções e, simultaneamente, criar grandes eventos”, continua o director, não duvidando que “Turim vai ser uma plataforma de visibilidade enorme, porque é em si mesmo um grande centro turístico universal”.

O Pallazo Madama é uma das 21 residências reais dos Sabóia, dentro ou nos arredores desta cidade italiana, que em 1997 receberam a chancela da UNESCO como Património da Humanidade. O palácio alberga hoje o Museo Civico d’Arte Antica e é este museu, com a Galleria Sabauda, que organizará a exposição do MNAA com 125 obras não só da sua colecção, mas também de outros museus e residências reais italianas. “É uma exposição monumental que tem o efeito espelho da mostra A Encomenda Prodigiosa. Da Patriarcal à Capela Real de S. João Batista [exposição que encerrou no MNAA em Outubro de 2013]”, diz Pimentel, explicando que esta mostra vem complementar e dialogar com a colecção do Museu Nacional de Arte Antiga.

O director do museu não deixa, no entanto, de lamentar a falta de meios económicos para poder fazer mais. “O MNAA tem feito um esforço enorme em contraciclo e o objectivo é continuar assim sem baixar o nível”, aponta, destacando os números obtidos em 2013, ano em que o número de visitantes no museu subiu 15,2% em relação a 2012, com 138.297 visitas.

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