O investimento mais caro da Capital da Cultura abre hoje em Guimarães

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O espaço vai juntar obras do artista e peças da sua colecção de arte africana Nelson Garrido

Há coisas que José de Guimarães nunca escondeu: a forma como as artes tradicionais não-europeias influenciaram a sua obra e a condição de vimaranense. A partir de hoje, o artista plástico reúne ambas no centro de artes com o seu nome, que é inaugurado na cidade em que nasceu em 1939. Naquele que é o investimento mais caro da Capital Europeia da Cultura (CEC) está quase toda a vida do pintor e escultor.

O Centro de Artes Internacional José de Guimarães é inaugurado hoje pelo Presidente da República, Cavaco Silva. O chefe de Estado será o primeiro a conhecer a mostra inaugural do museu, que reúne obras de vários períodos da sua carreira e cerca de 500 peças (o que representa cerca de metade do seu espólio) das colecções privadas de arte pré-colombiana, arte africana e arte arqueológica chinesa reunidas durante 50 anos. Lado a lado estarão as influências que o artista plástico nunca escondeu e uma retrospectiva da sua criação.

Além de José de Guimarães, a mostra inaugural do espaço reúne ainda obras de 13 artistas portugueses como Daniel Barroca, Hugo Canoilas, Pedro Valdez Cardoso ou Filipa César, que vão ser postas em confronto com objectos cedidos por várias instituições vimaranenses como o Museu de Alberto Sampaio, dedicado à arte sacra, e o museu de arqueologia da Sociedade Martins Sarmento. "Para além da História" é o mote do programa artístico, que tem curadoria de Nuno Faria.

A Capital da Cultura reservou para o feriado municipal de hoje - em que se comemora a Batalha de S. Mamede de 1128 - a inauguração do investimento que a autarquia considera "mais emblemático" de entre os que foram feitos a pensar no evento deste ano. O Centro José de Guimarães é o equipamento central da Plataforma das Artes, o investimento mais caro da CEC, em que autarquia local investiu 16,6 milhões de euros, de modo a transformar o antigo mercado municipal num espaço dedicado à inovação e à arte. Junto ao museu nasceram ateliers, espaços de trabalho para jovens artistas que pretendam desenvolver projectos temporários, bem como laboratórios criativos, que serão gabinetes de apoio empresarial à instalação de empresas criativas.

Além de ser a mais cara, esta é também a obra mais controversa da CEC. A mais recente polémica prende-se com o preço da manutenção do espaço. O presidente da câmara, António Magalhães, garante que o estudo encomendado para definir o modelo de gestão do equipamento ainda não está terminado, mas o PSD tem-se baseado numa primeira versão desse documento para criticar os gastos previstos. Segundo o partido da oposição, os custos operacionais vão ascender aos 6,5 milhões de euros anuais e, mesmo antecipando um fluxo anual de 55 mil visitantes e as receitas resultantes do estacionamento e arrendamento de espaços, o novo espaço cultural terá um prejuízo anual de um milhão de euros.

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