O diário da viagem de Vasco da Gama faz parte da memória do mundo?

Unesco vai analisar na próxima semana a classificação como património mundial de o diário que relata a descoberta do caminho marítimo para a Índia.

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O original do diário da viagem de Vasco da Gama à Índia, em 1497, é atribuído a Álvaro Velho DR

O diário da primeira viagem de Vasco da Gama à Índia, de 1497 a 1499, está entre os 84 pedidos de inscrição no Registo da Memória do Mundo, que serão analisados na próxima semana, anunciou na quarta-feira a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Os pedidos serão analisados pelo Comité Internacional do Programa Memória do Mundo, que se reúne entre os dias 18 e 21 em Gwangju, na Coreia do Sul.

O Comité faz as recomendações, cabendo depois a decisão de classificação à directora-geral da Unesco, Irina Bokova.

Propriedade da Biblioteca Municipal do Porto, o original do diário da viagem de Vasco da Gama à Índia, em 1497, é atribuído a Álvaro Velho, do Barreiro, e esteve exposto naquela biblioteca em 2008. A Faculdade de Letras da Universidade do Porto disponibiliza-o on line, na colecção Gâmica da Biblioteca Digital, numa leitura crítica do investigador José Marques. O texto “fornece testemunho da viagem marítima pioneira (...), um dos momentos decisivos que mudaram o curso da história”, refere o texto, na lista de pedidos à Unesco.

Criado em 1997 para proteger o património documental mundial, o Registo Memória do Mundo integra actualmente 245 itens, três dos quais são portugueses e fazem parte do Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT). São estes a carta de Pêro Vaz de Caminha ao rei de Portugal D. Manuel I (Terra de Vera Cruz, Brasil, 1 de Maio de 1500), sobre a chegada ao Brasil, o Tratado de Tordesillas (versão castelhana), de 7 de Junho de 1494, e um conjunto de 83.212 documentos (1161-1699), cujo interesse, segundo o ANTT, “reside na informação e esclarecimento sobre as relações entre os europeus, sobretudo as dos portugueses com os povos africanos, asiático e latino-americanos”.

Na reunião da próxima semana do comité da Unesco é analisada também a inclusão no registo do arquivo do arquitecto Oscar Niemeyer (com 8927 documentos) e de documentos relativos às viagens do imperador D. Pedro II no Brasil e no exterior, pedidos pelo Brasil, assim como da colecção de documentos audiovisuais de Max Stahl, sobre o nascimento da nação de Timor-Leste.

A colecção de manuscritos originais da juventude de Ernesto ‘Che’ Guevara, o património do Festival de Jazz de Montreux, o conjunto de testemunhos do museu do Holocausto em Israel e a coleção de manuscritos do Corão mameluco, da Biblioteca Nacional do Egipto, são outros documentos que poderão ser classificados pela Unesco.
 
 

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