O cavalheiro que se segue vai conseguir derrotar o Gangnam Style?

Sem escapar à tensão com a Coreia do Norte, Psy deu este sábado um concerto para cerca de 50 mil fãs em histeria para conhecer a nova Gentleman e para reviver Gangnam Style

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50 mil pessoas assistiram ao concerto deste sábado em Seul KIM JAE-HWAN/REUTERS
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Os fãs à entrada do concerto na capital sul-coreana Kim Hong-Ji/Reuters
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Psy durante o concerto "Happening" Lee Jae-Won/REUTERS
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O concerto esteve repleto de adereços KIM JAE-HWAN/REUTERS
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"Gentleman" quer ser um novo fenómeno da Kpop Kim Hong-Ji/Reuters
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Um grupo de dança executa a famosa coreografia de "Gangnam Style" Kim Hong-Ji/Reuters
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"Gangnam Style" encerrou a primeira parte do concerto KIM JAE-HWAN/REUTERS
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O vídeo de "Gentleman" estreou-se em simultâneo no YouTube e no estádio de Seul KIM JAE-HWAN/REUTERS

Há dias que os jornais ocupam as suas primeiras páginas com a crise com a Coreia do Norte. Não é que os sul-coreanos só falem disso - aprenderam a alhear-se do assunto ao fim de seis décadas de uma falsa paz. Mas a notícia sobre Gentleman, o novo single de Park Jae-sang, mais conhecido por Psy, e mais conhecido ainda como o autor do mega sucesso Gangnam Style, tornou-se um tema nacional. Será Psy capaz de manter o seu recorde histórico de visualizações no YouTube (1,5 mil milhões) e manter-se novamente nos tops? É quase certo que hoje havia mais gente a fazer esta pergunta do que a questionar se o regime de Pyongyang está mesmo prestes a testar um novo míssil.

Antes de subir ao palco - ele e dezenas de bailarinos, cantores e instrumentistas (a banda esteve sempre na penumbra, porque a música é só uma parte desta equação) - Psy teve uma conversa com os jornalistas numa das salas do Estádio de Seul, apinhada. Entrou acompanhado pelo seu novo manager, Scott Brown (o mesmo de Justin Bieber), e por um mar de flashes. "Tirem muitas fotos", diz ele. Mais tarde acrescentará: "Escolham bem o ângulo, porque às vezes pareço um porco!".

Não foi por sua iniciativa que o tema norte-coreano saltou para a conferência de imprensa. A pergunta partiu de um jornalista estrangeiro, depois de Psy ter afirmado mais do que uma vez que "quer enviar uma mensagem às pessoas de todo o mundo" (e que por isso enche as canções com palavras inglesas, para se fazer entender melhor, explicou). "Que mensagem quer enviar a um homem que tem a sua idade e que é coreano como você?" Não houve dúvidas sobre quem estava a falar. Mas é necessária uma correcção, que o próprio Psy se apressou a fazer: Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, tem no máximo 30 anos, ele tem 37. O jornalista insiste: "Disse que quer mandar uma mensagem para todo o mundo. Que mensagem tem para a Coreia do Norte?" Não resultou ter tentado passar a bola para Brown, que disse simplesmente que não era altura para falar de política. "A minha função é fazer as pessoas felizes... É uma tragédia estarmos no meio de... you know. Mas a minha função é fazer as pessoas rir, incluindo os norte-coreanos."

Há dias foi conhecido um vídeo em que soldados no Norte, depois de apagarem pegadas de desertores deixadas na neve junto à fronteira com a China, aparecem a ver a dança do cavalo imaginário de Psy, bem como outras estrelas da KPop e novelas sul-coreanas (tudo isso proibido pelo regime do Norte). Aos jornalistas, Psy afirmou: "Somos 50 mil pessoas. A Coreia do Norte está muito próxima [cerca de 45 quilómetros]. Eles vão poder ouvir-nos!" A troca de perguntas e respostas foi em inglês. A tradução para coreano durou breves segundos.

Duas horas e meia depois, Psy pisava o palco, em directo para 119 países. Foi preciso esperar um bom bocado para ouvir (mais uma vez) e ver o novo Gentleman, agora acompanhado pela sua "dança arrogante", como o cantor lhe chama. “Vou fazer-vos transpirar. Vou fazer-vos correr. Sabem o que eu sou? Wet (molhado) Psy”.

A multidão grita. Não há palmas, só berros entre cada canção, ou entre um gesto de dança mais ousado, que só se pode ver graças aos dois ecrãs gigantes colocados em cada lado do mega-palco.

Há chamas a soltarem-se da plateia, às vezes um pequeno fogo-de-artificio, raios laser, confetti. Psy salta, transpira, dá lugar a outras estrelas coreanas - actuaram as 2Ne1 e o rapper G-Dragon -, volta renovado. Dedica um tema a Beyoncé, quase despido, provando que quer mesmo fazer as pessoas rir. Atravessa o público voando por cima dele, pendurado com cabos de um lado ao outro. Há-de aterrar de pé em cima de um piano colocado antes das bancadas do estádio, onde uma jovem pianista se mantém impecavelmente concentrada. Vai voar outra vez. Em segundos o piano já não está lá. Psy voltará ao palco, voltará a lançar-se pelo ar, vai mostrar-se emocionado e arrancar uma salva de berros com isso.

Mas nada terá feito o chão tremer tanto como o tema que escolheu para fechar o alinhamento (depois houve mais meia hora de encores, num concerto que já ia com duas horas): "Oppa is Gangnam Style".

A jornalista viajou a convite da Associação de Jornalistas da Coreia

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